Bolsonaro: declarações sobre privatização e reforma da previdência pode causar ruído na campanha (Paulo Whitaker/Reuters)
Karla Mamona
Publicado em 10 de outubro de 2018 às 10h26.
Última atualização em 10 de outubro de 2018 às 11h48.
São Paulo - O Ibovespa recuava quase 2 por cento nesta quarta-feira, com as declarações do candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSL) sobre a reforma da Previdência e a privatização da Eletrobras servindo de argumento para um movimento de realização de lucros, enquanto agentes financeiros esperam pesquisa Datafolha no final do dia.
Notícia envolvendo o principal o conselheiro econômico de Bolsonaro em investigações sobre fraudes com fundos de pensão de estatais era mais um fator para as vendas, assim como o exterior desfavorável, após a bolsa abrir a semana com a maior alta em mais de dois anos.
Às 11:18, o Ibovespa caía 1,88 por cento, a 84.471,69 pontos. O volume financeiro somava 3,65 bilhões de reais.
Na véspera, o índice de referência do mercado acionário brasileiro fechou estável, mas na segunda-feira registrou a maior alta diária em mais de dois anos, após votação expressiva de Bolsonaro no primeiro turno da eleição presidencial, que disputará em segundo turno com Fernando Haddad, do PT, no próximo dia 28.
"As declarações recentes do candidato (Jair Bolsonaro) e do seu principal articulador político, o deputado Onyx Lorenzoni, indicam menor ímpeto privatizante do que Paulo Guedes propagandeava e levantam dúvidas sobre a viabilidade das principais reformas", disse o economista-chefe da Rio Bravo Investimentos, Evandro Buccini.
Na véspera, Bolsonaro disse acreditar que a proposta da Previdência do governo de Michel Temer como está "dificilmente vai ser aprovada" e que buscará aprovar uma reforma que tenha aceitação do Parlamento e que a população entenda como sendo justa e necessária.
Cotado para assumir o Ministério da Casa Civil em um eventual governo Bolsonaro, o deputado reeleito Onyx Lorenzoni (DEM-RS) disse na terça-feira que o presidenciável, se eleito, não vai apoiar a proposta de reforma da Previdência apresentada pelo governo do presidente Michel Temer.
"Temos motivos para certa cautela em um primeiro momento, mas o foco mesmo está na pesquisa Datafolha a ser divulgada hoje à partir das 19 horas, a qual tende a trazer importantes atualizações para o segundo turno", escreveu a equipe da corretora H.Commcor, em relatório a clientes.
No exterior, as bolsas norte-americanas e europeias recuavam, em meio ao avanço dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA após dados mais fortes de preços ao produtor e apreensões sobre o crescimento global. Em Nova York, o S&P 500 cedia 0,67 por cento.
- ELETROBRAS ON e ELETROBRAS PNB recuavam 13,2 e 13,62 por cento após Bolsonaro afirmar em entrevista à Band TV que tem resistências em relação à privatização na companhia, citando a área de geração de eletricidade. Ele comentou que, se for eleito, no setor de energia elétrica "a gente não vai mexer".
- CEMIG PN perdia 3,65 por cento, em um movimento de realização de lucro, após fortes ganhos no começo da semana, que foram embalados por expectativa de privatização da estatal mineira, após o resultado do primeiro turno das eleições para o governo de Minas Gerais.
- MRV tinha queda de 4,06 por cento, após divulgar Na noite da véspera queda de 6,6 por cento nas vendas contratadas do terceiro trimestre ante mesmo período de 2017, a 1,445 bilhão de reais, embora a geração de caixa da companhia tenha dobrado, impulsionada por recebimentos de vendas anteriores. [nL2N1WP1V7
- GOL PN caía 6,54 por cento, também penalizada pelo movimento de realização de lucros no pregão, conforme o dólar avançava mais de 1 por cento em relação ao real.
- PETROBRAS PN cedia 3,39 por cento, corrigindo altas recentes, em meio ao ambiente mais adverso na bolsa paulista após declarações de Bolsonaro e tendo como pano de fundo a queda do petróleo no exterior.
- SUZANO subia 2,56 por cento, encontrando na valorização do dólar ante o real suporte para se recuperar, assim como outras ações do setor de papel e celulose.