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Bolsa sobe quase 2% e dólar cai de olho em articulação sobre Previdência

Após resultado negativo no dia anterior, Ibovespa encerrou sessão com avanço de 1,95%, enquanto moeda americana caiu 0,55%

Ibovespa: bolsa encerrou pregão desta quinta-feira (4) em alta (Leonardo Benassatto/Reuters)

Ibovespa: bolsa encerrou pregão desta quinta-feira (4) em alta (Leonardo Benassatto/Reuters)

BC

Beatriz Correia

Publicado em 4 de abril de 2019 às 17h14.

Última atualização em 4 de abril de 2019 às 18h02.

A bolsa paulista fechou em forte alta nesta quinta-feira, 4, impulsionada por perspectivas otimistas sobre o andamento da reforma da Previdência, após o presidente Jair Bolsonaro se encontrar com líderes de partidos no Planalto na tentativa de integrar uma coalizão governista.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,93%, a 96.313,06 pontos. O volume financeiro somou R$ 13,13 bilhões. Na máxima da sessão, principal índice de ações da B3 subiu 2%. No pior momento, recuou a 94.333,95 pontos.

"É uma combinação de dois fatores, uma releitura da queda do dia anterior e um otimismo com a tentativa de articulação por parte do governo", afirmou Rafael Bevilacqua, estrategista chefe da consultoria independente de investimentos Levante.

Na véspera, o índice encerrou em queda de 0,94%, a 94.491,48 pontos, em reação de cautela de agentes do mercado diante de discussões intensas sobre a reforma da Previdência em audiência pública na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) com o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Bolsonaro se reuniu com presidentes de partidos nesta quinta-feira e conseguiu diminuir a tensão, mas não conseguiu dos líderes partidários a promessa de apoio incondicional à proposta de reforma da Previdência e nem aumentar a base de apoio do governo.

"O mercado entende que ainda há muito o que acontecer, mas segue otimista", acrescentou Bevilacqua.

O Ibovespa também recebeu apoio de um cenário externo mais positivo, na esteira da redução dos temores sobre o crescimento global e de sinais de avanço nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China.

Destaques

- KROTON avançou 6,05%, após ter registrado na véspera menor valor de fechamento desde 22 de janeiro.

- ELETROBRAS PNB valorizou-se 2,55%, tendo de pano de fundo notícias de que norte-americana Westinghouse está interessada em participar da concorrência internacional que será lançada no Brasil para a escolha de um parceiro estratégico para a conclusão da usina nuclear de Angra 3, segundo o ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque.

- PETROBRAS PN subiu 3,38% e PETROBRAS ON avançava 3,29%, com agentes financeiros ainda atentos a desdobramentos relacionados à cessão onerosa. O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, disse que está otimista quanto a um acordo sobre o tema na próxima semana.

- BRADESCO PN subiu 2,59%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN ganhou 1,5%, contribuindo para o viés positivo do Ibovespa.

- VALE teve alta de 0,73%, na esteira do aumento dos preços de minério de ferro na China em meio a uma redução nos embarques do Brasil e da Austrália e uma demanda mais alta por parte dos chineses, indicando um aperto no mercado da matéria-prima.

- BR DISTRIBUIDORA valorizou-se 3,77%, após a cotação fechar na mínima do ano há cerca de uma semana.

- KLABIN perdeu 3,39%, enquanto SUZANO recuou 3,11$, liderando as quedas do Ibovespa, após analistas do Credit Suisse cortarem a recomendação para as ações de ambas as empresas para 'neutra' e reduzirem os respectivos preços-alvos para 53 e 18 reais, citando visão mais cautelosa com a demanda chinesa.

Dólar

O dólar fechou em queda, anulando a alta do dia anterior, conforme o mercado demonstrou alívio com as tentativas do governo de melhorar a articulação com o Congresso sobre a Previdência, num dia positivo para moedas emergentes no exterior.

O dólar à vista caiu 0,55%, a R$ 3,8575 na venda. Na quarta-feira, a cotação havia subido 0,57%, a R$ 3,8787. Na B3, a referência do dólar futuro cedia 0,31%, a R$ 3,8640. O real teve nesta sessão um dos melhores desempenhos nos mercados globais de câmbio.

O real teve nesta sessão o terceiro melhor desempenho entre as principais moedas globais, atrás apenas da libra esterlina e da lira turca. Outros pares do real, como peso mexicano e rand sul-africano também se apreciavam.

Depois de voltar antecipadamente de Israel para tratar da reforma, o presidente da República, Jair Bolsonaro, se reuniu nesta quinta com cinco presidentes de partidos e conseguiu reduzir as tensões. ACM Neto -- presidente do DEM, mesma legenda do presidente da Câmara, Rodrigo Maia -- disse que o partido vai analisar a possibilidade de fazer oficialmente parte da base do governo Bolsonaro, e não descarta fechar questão na votação da reforma da Previdência.

"Continuamos acreditando que a reforma da Previdência passará este ano, na Câmara, ainda que apenas no quarto trimestre. Nossa projeção já contemplava uma economia de 700 bilhões de reais (ao longo de uma década) a ser aprovada apenas em outubro, e mudou muito pouco" com os ruídos recentes, disse em nota a equipe da gestora Gauss Capital.

O Santander Brasil, porém, vê uma economia menor, de 615 bilhões de reais, 55 por cento da proposta original (1,1 trilhão de reais). O banco estima que os mercados reagiriam "positivamente" a esse cenário, mas mantém projeção de dólar a 4,00 reais ao fim deste ano, com a taxa de câmbio impactada pelo menor diferencial de juros entre o Brasil e o mundo e pelas incertezas internacionais. (Edição Alberto Alerigi Jr.)

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