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Bolsa estuda descontos de até 80% para investidor de alta frequência

  São Paulo - Na quinta-feira (8), apenas dois dias depois de convocada, a direção da BM&FBovespa conseguiu encher, às 16h30, o auditório do seu Instituto de Educação com executivos de corretoras de valores, futuros e mercadorias para uma reunião. O encontro, realizado no prédio do Jockey no centro de São Paulo, foi rápido. Em […]

A Link Investimentos, de Daniel Mendonça de Barros, terá mais dois clientes de alta frequência da Ásia nos próximos dias (.)

A Link Investimentos, de Daniel Mendonça de Barros, terá mais dois clientes de alta frequência da Ásia nos próximos dias (.)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.

 

São Paulo - Na quinta-feira (8), apenas dois dias depois de convocada, a direção da BM&FBovespa conseguiu encher, às 16h30, o auditório do seu Instituto de Educação com executivos de corretoras de valores, futuros e mercadorias para uma reunião. O encontro, realizado no prédio do Jockey no centro de São Paulo, foi rápido. Em aproximadamente uma hora, foi dado um dos mais importantes passos na sua estratégia de crescimento do volume de negócios baseada nos investidores de alta frequência (High Frequency Traders -HFTs).

A apresentação, feita por diretores do segmento Bovespa (Ações) e BM&F (Mercadorias e futuros), revelou o primeiro rascunho do que deve ser a  nova política de tarifação de operações para atrair esses investidores que realizam milhares de negociações diárias, várias vezes por segundo. Além disso, pela primeira vez, a bolsa convida o mercado para uma discussão relacionada ao sistema de tarifação. "Assim ela evita erros de passado, quando baixava normas e desagradava o mercado", explica o diretor de operações da corretora Souza Barros, Ricardo Pinto Nogueira, que acompanhou a proposta.

As propostas

O executivo, que também foi diretor da Bovespa entre 2000 e 2008, calcula que o período de discussão com o mercado dure em torno de dois meses. A primeira novidade é a implementação de descontos para negociações de alta frequência no ambiente de ações. O desenho inicial projeta descontos de até 80%. Serão 4 faixas de preços. Para quem negociar 20 a 50 milhões de reais por dia há desconto de 20%. Depois, sobe a 40% para o volume de 50 a 250 milhões de reais. Entre 250 milhões e 500 milhões o corte fica em 60%. Acima de 500 milhões de reais o investidor atinge o benefício máximo de 80%.

Roberto Lee, diretor de marketing e produtos da Wintrade, homebroker da Alpes corretora, avalia que as tarifas da Bovespa eram um grande impeditivo para esses clientes. "Hoje os custos limitam algumas estratégias de algoritmos", diz. Isso acontece porque os modelos matemáticos utilizados por programas de computador só operam quando o lucro é maior que o custo dos emolumentos cobrados pela bolsa. Quanto menor o emolumento, maior é o número de operações possíveis, o que aumenta o volume para as corretoras e a bolsa.

"Isso aumenta também a liquidez para o investidor comum", afirma Nogueira. Ele lembra também que, ao incentivar o alta frequência (HFT) com desconto, a outra ponta da operação paga a tarifa cheia, caso não seja um HFT. Lee destaca também a proposta de criar uma lista de identificação de todos investidores de alta freqüência. "Será um controle de tarifação feito em conjunto com a corretora. A idéia de cadastrar o cliente HF é inteligente porque pode, no futuro, resolver problemas de risco. Eu nunca vi isso fora do Brasil", comenta.


Opiniões

Um dia depois da reunião, o mercado já prepara sugestões de modificações para a bolsa. Uma, levantada pelo CEO (Chief Executive Officer) da Link Investimentos, Daniel Mendonça de Barros, é a eliminação da ideia de exigir que, ao final do dia, o investidor feche todas as operações para ter direito ao desconto. "Se for semanal ele pode montar uma posição na segunda-feira e vender na terça-feira. Os fundos estrangeiros fazem assim", diz.

Outro ponto está relacionado à última faixa de descontos."Eu não conheço pessoas no mercado que giram mais de 500 milhões de reais por dia", argumenta Mendonça de Barros. Ele diz ainda que conferir descontos por número de negócios, e não por volume, pode evitar algumas distorções. O chefe da Link explica que as estratégias de algoritmos buscam girar cerca de 5% do volume de um ativo. Exemplo: se ele opera 20 milhões de ações a 1 real para atingir o percentual e o preço cai para 50 centavos, ele passa a precisar operar o dobro de vezes para obter o mesmo desconto.

Por fim, o executivo discute eventuais problemas que possam surgir na adoção das faixas  para o segmento BM&F, que hoje já reduz em 70% os custos de todos HFTs. Segundo ele, os programas precisam saber exatamente qual é o preço da tarifa na hora de operar. Não adianta o desconto só acontecer quando ele atinge um determinado número de contratos. "Se só vai saber no final do mês o percentual do desconto, ele não trabalha hoje com a ideia de um custo menor, porque ele pode não acontecer", diz.

A bolsa ainda não comenta o assunto, mas a percepção do mercado em relação à medida é positiva e as corretoras estão confiantes. "Para o HFT, quanto mais fácil a política de preços, mais ele opera", finaliza Mendonça de Barros. E esse parece ser o caminho que está sendo trilhado pela bolsa.

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