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Em novo recorde, Ibovespa fecha acima dos 100 mil pontos pela 1ª vez

Anúncio do Fed sobre as taxas de juros teve efeito marginal, mas foi suficiente para fazer a Bolsa superar marca histórica.

B3: mercado otimista com reforma da Previdência e de olho em taxa de juros (Patricia Monteiro/Bloomberg)

B3: mercado otimista com reforma da Previdência e de olho em taxa de juros (Patricia Monteiro/Bloomberg)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 19 de junho de 2019 às 15h53.

Última atualização em 19 de junho de 2019 às 17h40.

São Paulo - A bolsa brasileira acelerou os ganhos no final da tarde desta quarta-feira (19) e conseguiu fechar pela primeira vez acima dos 100 mil pontos, em alta de 0,90%.

Por volta das 15h50, o Ibovespa ultrapassou a marca pela segunda vez na história durante as negociações do pregão – a primeira foi no dia 19 de março, quando alcançou 100.438 pontos. No melhor momento desta quarta, o índice chegou a 100.327 pontos.

Esta tarde, o Federal Reserve, banco central americano, anunciou que manteve a taxa de juros dos EUA entre 2,25% e 2,50% ao ano, mas sinalizou a possibilidade de cortes em até 0,5 ponto percentual até o final de 2019. O FED afirmou que "irá agir de forma apropriada" para sustentar a expansão econômica conforme ela se aproxima da marca de 10 anos e retirou a promessa de ser "paciente" ao ajustar os juros. 

Apesar de a bolsa ter voltado à marca dos 100 mil pontos, ela ainda está bem abaixo do seu recorde real – quando se leva em conta a inflação do período. Segundo dados da Economatica de março, o melhor momento do índice ajustado pelo IPCA foi em 20 de maio de 2008, aos 134.487 pontos.

Sem surpresas na mensagem do Fed

Para o analista da Nord Research Bruce Barbosa, a mensagem do Fed veio dentro do que o mercado esperava. Mas ele avalia que uma queda nos juros norte-americanos teria um efeito marginal para o mercado acionário no Brasil.

“A sinalização do Fed sobre os juros tem potencial para acelerar a bolsa no curtíssimo prazo, mas o que tem dado força para o índice chegar aos 100 mil pontos foi a perspectiva de aprovação da reforma da Previdência”, afirma.

O Ibovespa segue muito barato para um cenário de menos juros no Brasil e no mundo, afirmou à Reuters o gestor de portfólio Guilherme Foureaux, sócio na Paineiras Investimentos. "Caso a reforma da Previdência siga andando, acreditamos que existe potencial grande de apreciação da bolsa brasileira."

No cenário interno, os investidores aguardavam a decisão do Banco Central sobre a taxa de juros, prevista para as 18h. A expectativa é que a taxa seja mantida em 6,5% ao ano, mas também espera-se que o Copom sinalize para um possível corte na próxima reunião, daqui a 45 dias.

Além disso, os investidores seguiram confiantes na aprovação da reforma da Previdência, com a expectativa que a votação possa ocorrer na próxima semana. Na véspera, os deputados iniciaram as discussões sobre a reforma na Comissão Especial.

Dólar muda de direção após anúncio

No mercado de câmbio, o dólar mudou de direção logo após a divulgação do Fed, e passou a cair. Antes do anúncio, a cotação mostrava alta de 0,37%.

A moeda norte-americana fechou no menor patamar ante o real em mais de dois meses nesta quarta, influenciada pelo tom "dovish" (a favor da queda de juros) do banco central dos Estados Unidos, enquanto no Brasil analistas refrearam expectativas adicionais de cortes da Selic poucas horas antes da decisão do Copom.

No fechamento, o dólar comercial cedeu 0,25%, a R$ 3,8501, no menor valor para um encerramento desde 10 de abril de 2019 (R$ 3,824).

O dólar já vinha perdendo força ao longo da última semana, com investidores antecipando chances de o BC dos Estados Unidos sinalizar para um corte nas taxas. Toda vez que os juros dos EUA caem, há perspectivas de entrada de mais recursos em mercados emergentes como o Brasil.

No mercado de juros futuros, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2020, o mais negociado nesta sessão, chegou a desacelerar a alta para 6,095% ao ano, ante máxima desta sessão de 6,140% e ajuste da véspera de 6,075%.

Destaques do dia na Bolsa

A ação da empresa de redes de fidelidade de clientes SMILES chegou a desabar mais de 10%, após não chegar a um acordo com sua controladora, a aérea GOL nas negociações de reestruturação societária. Segundo a aérea, o término das tratativas não muda a decisão de não renovar o contrato operacional com a Smiles. As ações preferenciais (PN) da GOL subiram mais de 3% e SMILES fechou em queda de quase 5%, a maior do Ibovespa.

O papel preferencial (PN) do ITAÚ UNIBANCO subiu 1,6%, puxando a alta do índice após a sinalização do Fed sobre os juros. No setor bancário, BRADESCO avançou 1,1%, enquanto BANCO DO BRASIL valorizou-se 1,65% e SANTANDER BRASIL ganhou 0,97%, recuperando parte das perdas vistas nos últimos dias com a possibilidade de aumento da alíquota da CSLL no setor financeiro.

Na ponta positiva, a fabricante de cosméticos NATURA saltou 5,3%, diante de notícia de que obteve na justiça direito a benefício fiscal. Segundo o jornal "Valor Econômico", ela obteve no Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo, o direito de excluir da base de cálculo do IRPJ e da CSLL até 60% de seus gastos com atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica.

A companhia logística RUMO valorizou-se 3,7%, também entre as maiores altas. Estrategistas do Itaú BBA adicionaram as ações na sua carteira TOP 5, diante de potencial efeito benigno no custo de capital da empresa com uma eventual redução nos juros, além de provável exportação de safra recorde de milho do país.

A mineradora VALE subiu 0,6% com nova alta nos preços do minério de ferro na China e anúncio da mineradora de que retomará a integralidade das operações a úmido na mina de Brucutu (MG), após decisão do presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra uma liminar que suspendia as atividades da barragem Laranjeiras.

Fora do Ibovespa, as ações da fabricante de armas TAURUS recuaram mais de 2%, após o Senado ter derrubado o decreto editado pelo presidente Jair Bolsonaro para flexibilizar as regras de posse e porte de armas no país.

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