Eleições na Argentina: partido de Milei perde por 13 pontos percentuais nas eleições de Buenos Aires (Luis Robayo/AFP/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 8 de setembro de 2025 às 10h07.
As eleições tão esperadas da Província de Buenos Aires já estão surtindo efeito no mercado. A derrota da La Libertad Avanza, partido de Javier Milei, com uma perda por 13 pontos percentuais, pressiona a bolsa argentina, que despenca 11% no pré-market.
As eleições de 7 de setembro foram um importante termômetro para as eleições de outubro e nenhuma pesquisa havia antecipado um resultado como foi (47% vs. 34%).
“Com quase 62% de participação dos eleitores, concentrada na Primeira e Terceira seções eleitorais, o voto reflete clara fadiga social com o plano atual do governo. Axel Kicillof surge como uma forte figura de oposição, capitalizando o crescimento do Peronismo/Kirchnerismo”, escreve o Bradesco BBI em relatório.
A primeira resposta do governo foi relativizar o peso do resultado, admitir falhas, reforçar o plano em curso e sustentar que os 37% conquistados pela LLA correspondem apenas a seu “piso nacional”.
Ainda assim, a redução em relação aos 50% obtidos no segundo turno indica a fuga de eleitores mais voláteis, deixando como sustentação apenas o núcleo mais fiel de apoiadores, pontua o BBI.
Segundo o banco, para outubro, o modelo atualizado da Câmara Baixa Nacional mostra que a La Libertad Avanza sozinha fica aquém do limiar de veto de um terço. Somente quando combinada com o Propuesta Republicana esse limiar chega a 35%, enquanto a oposição alcançaria aproximadamente 43%, “o que complicará a agenda de Milei em 2026”.
Na avaliação do BBI, é provável que os mercados reajam com “estresse generalizado nos ativos argentinos” no câmbio, ações e bonds. O peso argentino também pode testar o teto da banda de câmbio.
O risco-país pode disparar acima de 1.000 pontos-base, e as ações podem ser reprecificadas para um novo piso de 3,5–5% do Produto Interno Bruto (PIB), implicando queda potencial de 25–50%, em meio à ausência de qualquer narrativa sustentável.
“Com a deterioração da narrativa de reformas estruturais, a volatilidade deve persistir”, diz o BBI.
O banco reitera a recomendação underweight para ações argentinas, “aguardando uma luz no fim do túnel e um ponto de entrada mais favorável”.
“Favorecemos nomes menos expostos à atividade doméstica e à volatilidade cambial, como Pampa Energía, YPF, TGS, IRSA e Grupo Financiero Galicia”, escrevem.