Boeing: receita caiu 31% em relação ao mesmo período do ano anterior, fechando em US$ 15,2 bilhões (Randall Hill/Reuters)
Repórter Exame IN
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 17h40.
Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 07h40.
A fabricante de aeronaves Boeing registrou um prejuízo de US$ 3,86 bilhões no quarto trimestre de 2024, marcando o sexto ano consecutivo de perdas. Este resultado faz parte de um cenário mais amplo, no qual a empresa enfrentou o maior prejuízo anual desde 2020, somando US$ 11,83 bilhões.
Apesar do resultado desafiador, o CEO Kelly Ortberg demonstrou otimismo quanto ao futuro da companhia, enfatizando os esforços para estabilizar operações, recuperar a confiança do mercado e voltar ao fluxo de caixa positivo ainda em 2025.
A receita da Boeing caiu 31% em relação ao mesmo período do ano anterior, fechando em US$ 15,2 bilhões — abaixo das expectativas do mercado, que estimavam US$ 16,21 bilhões. A greve de quase dois meses de maquinistas, que paralisou grande parte da produção, foi um dos principais fatores que contribuíram para os atrasos nas entregas e impactos financeiros.
Além disso, a empresa registrou cerca de US$ 3 bilhões em encargos em suas divisões de aeronaves comerciais e defesa. O segmento de aeronaves comerciais, por exemplo, viu sua receita despencar 55%, para US$ 4,76 bilhões.
Ortberg também destacou que o cenário de 2024 foi afetado por problemas acumulados ao longo dos anos, incluindo falhas de fabricação, atrasos em certificações de aeronaves como o 777X, e custos excedentes em contratos de defesa fixos.
Apesar das dificuldades, a Boeing retomou a produção de seus modelos 737 Max, 767 e 777/777X após o fim da greve em novembro. Ortberg afirmou que as entregas do 737 Max devem atingir “mais de 30 unidades” em janeiro, um aumento significativo em relação às 17 entregues em dezembro.
“Estamos um pouco à frente do que esperávamos”, disse o CEO em entrevista à CNBC, destacando que a empresa está no caminho certo para alcançar um fluxo de caixa positivo na segunda metade de 2025, após ter queimado mais de US$ 14 bilhões em 2024.
Além disso, a Boeing está revisando seu portfólio para se concentrar em negócios centrais e avaliar possíveis desinvestimentos, como a venda da unidade de navegação Jeppesen. “Estamos mais focados em áreas onde podemos ter mais impacto e energia”, explicou Ortberg.
As ações da Boeing subiram mais de 4% após as declarações do CEO, refletindo o otimismo do mercado em relação à recuperação operacional da empresa. Nos últimos meses, os investidores demonstraram confiança na gestão de Ortberg, um veterano da indústria aeroespacial que assumiu o cargo em meio a um momento crítico da companhia.
No entanto, os desafios operacionais continuam a impactar clientes importantes. A American Airlines, por exemplo, anunciou cortes em sua programação devido a atrasos na entrega do modelo 787 Dreamliner. A Ryanair também reduziu suas metas de tráfego por conta das mesmas dificuldades.
Próximos passos para reverter a crise
Kelly Ortberg afirmou que a empresa continuará focada em melhorar sua cultura organizacional, superar os desafios de produção e estreitar relações com clientes e stakeholders. “Embora tenha sido um ano desafiador, estamos vendo sinais encorajadores de progresso enquanto trabalhamos juntos para transformar a Boeing”, afirmou em comunicado interno.
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