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BofA vê maior saída de ações americanas em 10 semanas; 'techs' foram exceção

Fluxo negativo foi de US$ 1,3 bilhão e foi sentido, principalmente, por ações de setores defensivos

Juliana Alves
Juliana Alves

Repórter de mercados

Publicado em 3 de julho de 2025 às 06h00.

Última atualização em 3 de julho de 2025 às 10h07.

No meio da euforia das Bolsas dos Estados Unidos, na semana passada, enquanto o índice S&P 500 alcançava máximas históricas, um movimento contrário corria em paralelo: investidores estavam deixando o mercado de ações americano. O Bank of America (BofA) notou um fluxo negativo vindo de seus clientes. As saídas superaram as entradas em US$ 1,3 bilhão. Foi o primeiro saldo negativo em três semanas e não só isso - o maior em dez semanas.

As vendas foram capitaneadas por investidores institucionais (como fundos de investimento e de pensão), que já vinham vendendo mais do que comprando nos últimos dois meses. Em seguida, vieram os hedge funds e, por fim, os investidores privados, que não faziam fluxo negativo há seis semanas.

Defensivos em baixa, techs em alta

Ao todo, oito segmentos da economia registraram mais vendas do que compras de ações na semana passada, de acordo com o BofA.  Entre eles, setores da indústria, imóveis e utilities (serviços públicos) apresentaram os maiores fluxos de saída. Essas áreas, aliás, vêm acumulando vendas por diversas semanas consecutivas, segundo o banco. Desse grupo, utilities foi o que mais teve semanas consecutivas de fluxos negativos, com incertezas em relação ao pacote tributário dos Estados Unidos.

O setor de tecnologia, por outro lado, se destaca de forma positiva no levantamento. Mesmo reunindo as empresas mais valiosas do mundo, e reunindo ações consideradas caras pelos analistas, o setor é o que tem registrado as maiores entradas de recursos nas últimas três semanas.

Apetite por ETFs

Também chama a atenção o fluxo positivo para ETFs (fundos que replicam índices), que tiveram o maior fluxo positivo desde meados de abril entre os clientes do BofA. setor financeiro foi o mais procurado, recebendo as maiores entradas, impulsionadas pelos resultados positivos dos testes de estresse bancário. No entanto, os ETFs de energia sofreram as maiores saídas dos últimos dez semanas, devido à diminuição das tensões geopolíticas, com o cessar-fogo entre Irã e Israel, e uma queda de 13% no preço do petróleo.

ETFs de índices de small e large cap tiveram fluxos positivos, enquanto os mid e broad cap registraram saídas líquidas.

Mais segurança para tomar risco?

A estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi, interpreta esse aumento nas saídas como um reflexo sazonal, especialmente com o fechamento do mês e do semestre. Segundo ela, é comum que investidores realizem vendas para reposicionamento de portfólio ao final de ciclos. “O movimento de vendas no final de ciclos é normal, e os investidores frequentemente ajustam suas carteiras nesse período", afirma.

A preferência por segmentos mais voláteis, como o de tecnologia, explica Zogbi, sinaliza uma maior disposição para assumir riscos, ao contrário dos setores mais defensivos, como utilities, imóveis e industriais, que tendem a ser mais consolidados e estáveis, com menor volatilidade.

Esse cenário reflete uma expectativa de que a economia americana não será tão impactada pelas políticas econômicas do governo de Donald Trump. "Havia um temor significativo de que essas políticas resultariam em uma recessão, mas agora o mercado está precificando que o Federal Reserve (FED) deverá cortar juros ainda este ano", comenta Zogbi. Ela também destaca que as perspectivas apontam para um cenário mais otimista, com uma diminuição nas projeções de recessão.

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