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Boeing vende unidade de navegação Jeppesen à Thoma Bravo por US$ 10,6 bi

Operação é o primeiro grande desinvestimento sob a gestão do CEO Kelly Ortberg, que busca reduzir a dívida bilionária da empresa

Boeing: operação é o primeiro grande desinvestimento sob a gestão do CEO Kelly Ortberg (Randall Hill/Reuters)

Boeing: operação é o primeiro grande desinvestimento sob a gestão do CEO Kelly Ortberg (Randall Hill/Reuters)

Carolina Ingizza
Carolina Ingizza

Redatora na Exame

Publicado em 22 de abril de 2025 às 13h58.

A Boeing anunciou, nesta terça-feira, 22, a venda de parte de sua divisão Digital Aviation Solutions, incluindo a unidade de navegação Jeppesen, para a gestora de private equity Thoma Bravo por US$ 10,6 bilhões (cerca de R$ 61 bilhões). A operação representa o primeiro grande desinvestimento sob a gestão do CEO Kelly Ortberg, que assumiu a posição no ano passado.

A transação inclui também os ativos ForeFlight, AerData e OzRunways, todos voltados para soluções digitais de aviação. Após a venda, a Boeing continuará com o acesso aos dados necessários para serviços de manutenção, diagnóstico e reparos de suas frotas comerciais e militares.

A Jeppesen é responsável por fornecer planos de voo interativos e tem uma ampla base de clientes, desde companhias aéreas até pilotos amadores. Já o ForeFlight, adquirido em 2019, é um aplicativo popular entre aviadores recreativos, enquanto o OzRunways ajuda pilotos a gerenciar informações oficiais da aviação.

A Jeppesen, comprada pela Boeing em 2000 por US$ 1,5 bilhão, atraiu forte interesse de investidores, incluindo fundos como Advent, TPG, Veritas e empresas do setor aeroespacial como Honeywell e GE Aerospace. A venda foi disputada e superou as expectativas iniciais de preço, que giravam em torno de US$ 6 bilhões, segundo a Bloomberg.

A venda é mais um passo no plano do CEO para reduzir a dívida de US$ 58 bilhões acumulada pela empresa. A estratégia tem sido cortar ativos não essenciais e reforçar o foco nas áreas principais: produção de aviões comerciais e aeronaves militares.

Em fevereiro, a Boeing já havia anunciado a venda da sua operação de manutenção no aeroporto de Gatwick, em Londres, para a British Airways. A companhia também está em busca de um comprador para a sua unidade de drones Insitu.

As ações da Boeing subiam 0,72%, às 11h20, após o anúncio da venda. A companhia divulgará os resultados do primeiro trimestre nesta quarta-feira, 23.

A crise da Boeing

A fabricante americana enfrenta uma crise que já dura anos e tem origem nos dois acidentes fatais com modelos 737 Max em 2018 e 2019. Desde então, a empresa não voltou a registrar lucro anual.

No começo do ano passado, a companhia se viu no centro de outra crise quando a porta de um 737 Max operado pela Alaska Airlines explodiu. O acidente desencadeou uma nova operação de fiscalização federal e provocou atrasos nas entregas de aviões.

No apagar das luzes de 2024, um novo acidente na Coreia do Sul, que matou 179 pessoas, reacendeu as preocupações com a segurança dos modelos da fabricante.

No segundo semestre do ano passado, companhia também enfrentou uma greve de quase dois meses que paralisou grande parte de sua produção, o que impactou fortemente seus resultados. No último trimestre do ano, a Boeing registrou prejuízo de US$ 3,86 bilhões, acumulando perdas anuais de US$ 11,83 bilhões — o pior resultado desde 2020.

Mesmo diante desse cenário, o CEO da Boeing afirma que a companhia segue empenhada em recuperar a confiança do mercado e voltar a gerar fluxo de caixa positivo ainda em 2025.

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