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BM&FBovespa vê recorde de IPOs em 2011 com consumo e petróleo

Crescimento brasileiro vai impulsionar resultados, acredita o presidente da bolsa

Edemir Pinto, presidente-executivo da BM&FBovespa, acha que 2011 trará bons resultados (Luciana Cavalcanti/VOCÊ S.A.)

Edemir Pinto, presidente-executivo da BM&FBovespa, acha que 2011 trará bons resultados (Luciana Cavalcanti/VOCÊ S.A.)

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Da Redação

Publicado em 17 de janeiro de 2011 às 16h29.

São Paulo - As empresas brasileiras devem levantar um valor recorde em aberturas de capital em 2011, lideradas pelos setores de consumo, petróleo e gás e infraestrutura, disse o presidente da BM&FBovespa SA, Edemir Pinto.

Grandes grupos de construção e suas subsidiárias, empresas de shopping centers, educação, alimentos e produtoras de petróleo devem ajudar a bolsa brasileira a superar a marca recorde de R$ 55,6 bilhões levantados em 2007 em aberturas de capital no País, de acordo com o executivo.

“Eu acredito que 2011 está aí, com a pista limpa para que esse mercado possa não só ganhar velocidade, como crescer dentro daquilo que a gente esperava para 2010”, disse Edemir, em entrevista hoje na sede da antiga Bolsa de Mercadorias & Futuros, no Centro de São Paulo.

O crescimento da economia brasileira está dando impulso ao emprego e à renda, o que atrai mais investidores estrangeiros interessados no consumo. As ações ligadas à demanda doméstica foram as de melhor desempenho no ano passado. A presidente Dilma Rousseff pretende investir R$ 955 bilhões em projetos de infraestrutura até 2014, o que inclui R$ 461 bilhões na exploração de petróleo e em energia renovável.

A oferta de ações da Petróleo Brasileiro SA, que levantou a R$ 120 bilhões em setembro, e as preocupações com a economia europeia deixaram “represadas” operações de empresas que não queriam concorrer pelo dinheiro do investidor estrangeiro, disse Edemir. Essas ofertas agora podem voltar, disse ele.

Medidas do governo

Um indicador dessas possíveis operações é o volume recorde de fusões e aquisições, de mais de R$ 150 bilhões em 2010, segundo o executivo. De acordo com ele, o maior montante histórico “prepara ainda mais o mercado” para aberturas de capital por parte dos grupos compradores.

As aberturas de capital movimentaram R$ 10,5 bilhões em 2010, contra R$ 23,8 bilhões em 2009, segundo dados da BM&FBovespa.

As ações da BM&FBovespa acumularam uma queda de 21 por cento, desde a máxima atingida em 13 de outubro até a última sexta-feira, depois que o governo anunciou uma série de medidas para conter a valorização do real, que prejudica exportadores. Nesse período, o governo triplicou para 6 por cento a tributação para estrangeiros em renda fixa, adotou o depósito compulsório sobre operações vendidas em dólares e fez em 14 de janeiro o primeiro leilão de swaps cambais reversos em quase dois anos.

‘Exagero’

O receio de investidores quanto à possibilidade de o governo aumentar também o Imposto sobre Operações Financeiras para estrangeiros em bolsa, hoje em 2 por cento, para conter a alta do real, é considerado um “exagero” por Edemir.

“Há um exagero por parte do mercado quanto ao risco regulatório”, disse o executivo. “O governo tem dito desde o início que a preocupação dele é com o capital especulativo, de curtíssimo prazo, e o mercado de capitais vive até mais de investimentos de médio e de longo prazo, e não de curto prazo.”

A bolsa brasileira deve passar “muito em breve” a informar publicamente seus preços cobrados pela negociação, pela custódia e pela liquidação de papéis, segundo Edemir Pinto. O objetivo, disse ele, seria permitir a comparação com outras bolsas do mundo e combater as críticas de que os custos da BM&FBovespa são elevados em relação às concorrentes internacionais.

Concorrência

“Nós somos uma bolsa vertical integrada, nós temos aqui trading, liquidação e custódia”, disse Edemir. “A NYSE só tem trading, você não pode comparar com o nosso custo aqui, tem que comparar com mais o custo de liquidação e o de custódia.”

Em 5 de janeiro, o jornal Valor Econômico publicou que um grupo de investidores, entre os quais Claritas e Deutsche Bank AG, estuda a criação de uma nova bolsa para o mercado brasileiro, com o objetivo de reduzir custos. No dia, as ações da BM&FBovespa encerraram com perda de 2,3 por cento, enquanto o Ibovespa subiu 1,1 por cento.

No dia seguinte, o Deutsche Bank disse em e-mail que não participa de nenhuma negociação para abrir uma bolsa alternativa no Brasil.

Segundo Edemir, a preocupação da bolsa é de que o regulador não “abaixe a régua” de exigências para um eventual concorrente. “Hoje, a bolsa tem um poder de autorregulação, e a régua dela é lá em cima, não só quanto à listagem das empresas, mas em nível de acompanhamento do mercado, que outro venha com o mesmo nível da bolsa.”

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