Inicialmente a taxa Libor terá prazo de três e seis meses (Raul Júnior/VOCÊ S/A)
Da Redação
Publicado em 21 de dezembro de 2010 às 13h04.
Brasília - A BM&FBovespa SA vai iniciar a divulgação diária, no início de janeiro, da versão brasileira da taxa interbancária de Londres da Associação Britânica dos Bancos, conhecida como Libor. A taxa vai estabelecer uma nova referência para o mercado de renda-fixa e deve tomar parte do espaço hoje ocupado pelo Certificado de Depósito Interbancário.
“Vamos ajudar a desenvolver o mercado secundário alongando os prazos”, disse o diretor de Renda Fixa e Câmbio da BM&FBovespa, Sérgio Goldenstein.
As novas taxas terão prazo de três e seis meses e serão derivadas da curva de contratos futuros de Depósito Interfinanceiro, disse ele em entrevista telefônica ontem de São Paulo. Haverá posteriormente uma taxa para doze meses.
A criação de uma nova referência de juro flutuante, parte do pacote anunciado semana passada para estimular o financiamento privado de longo prazo, tem como objetivo romper com a cultura do CDI, herança do período da hiperinflação. Segundo Goldenstein, a vinculação a uma referência de curtíssimo prazo como o CDI prejudica o desenvolvimento do mercado de títulos. O Certificado de Depósito Interbancário é usado pelos bancos para repassarem dinheiro diariamente entre si.
A BM&F está em fase final de definição da metodologia para calcular as novas taxas por meio de interpolação da curva de DI, de acordo com Goldenstein.
‘Ótimo sinal’
O primeiro passo para substituir o CDI em emissões a taxa flutuante foi a colocação, na semana passada, de R$ 1 bilhão de debêntures do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social remuneradas por um spread fixo sobre a curva de DI a cada três meses.
A demanda pelos papeis chegou a R$ 3 bilhões, um “ótimo sinal” sobre o interesse por uma referência de juro mais longa que o CDI, disse Goldenstein.
Nos títulos públicos, há quase R$ 1 trilhão de papéis ligados à taxa Selic considerando operações de emissão da dívida do Tesouro e as operações compromissadas do Banco Central, segundo Goldenstein.
“No mercado de títulos privados, essa indexação ao DI é muito maior”, disse ele. “Romper com essa cultura é um processo gradual.”