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BlackRock reforca aplicação no Brasil e reduz México

Segundo diretor da gestora de recursos, país se tornou atrativo após a queda dos preços deste ano


	Bolsa de São Paulo: gestor afirmou que está “um pouco overweight” em Petrobras e comemorou a alta de 10% do papel ontem
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Bolsa de São Paulo: gestor afirmou que está “um pouco overweight” em Petrobras e comemorou a alta de 10% do papel ontem (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 9 de dezembro de 2013 às 17h39.

São Paulo - A BlackRock, maior gestora de recursos do mundo, está aplicando mais em ações brasileiras e menos no México, afirma Will Landers, diretor de gestão para América Latina dos fundos ativos de ações da empresa americana. “Estamos ‘overweight’ (acima da media do mercado) em Brasil e “underweight’ (abaixo da média) em México”, afirmou ele, durante o 6º Seminário da Amec, em São Paulo.

Segundo Landers, preços de ações elevados e incerteza politica levaram a gestora a reduzir a aplicação no México, que também não cresceu tanto quanto o mercado esperava. Já o Brasil se tornou atrativo após a queda dos preços deste ano. Um movimento inverso ao do começo deste ano, quando o México era a grande aposta dos gestores na América Latina.

O gestor afirmou que está “um pouco overweight” em Petrobras e comemorou a alta de 10% do papel ontem após a empresa anunciar uma política de reajuste de preços dos combustíveis. Mas Landers destaca que a falta de previsibilidade ainda dificulta a defesa da empresa diante dos investidores internacionais. E recomenda cautela.

“Precisamos ver como vai funcionar essa proposta de reajuste com cuidado, pois é preciso lembrar que a Petrobras pertence ao governo e é difícil ver o governo abrindo mão do poder de definir quando reajustar ou não um preço importante como esse”, disse. “Se for um cálculo complicado demais para se entender, muito complexo, não melhorará muito”. Para ele, o problema com a empresa continua sendo de previsibilidade.

Eleição presidencial

Landers acredita que o ano que vem não deve trazer grandes novidades, com eleição presidencial e crescimento modesto da economia e pressão sobre o câmbio. Para ele, a grande questão é 2015, quando o novo governo assumir. ”Pode ser que venha um grande ajuste fiscal, o que seria muito bom para o mercado de ações”, afirma.

Mas, segundo Landers, mesmo que a presidente Dilma Roussef seja reeleita e mantenha suas políticas, “não será o fim do mundo”. “O país vai apenas seguir neste ritmo atual, de crescimento baixo, perdendo uma oportunidade de avançar mais”, diz.


Segundo Landers, mesmo a oposição não tem demonstrado um discurso claro de defesa de um ajuste forte das contas públicas no ano que vem.

Varejo e bancos

Sobre o mercado, Landers vê oportunidades em setores voltados para o mercado local, como bancos, nos quais ele destaca o Itaú, por seu controle de custos eficiente. “Com o desemprego estável, a situação é boa para os bancos”, diz. Emprego estável também ajuda empresas de consumo, como o Pão de Açúcar, que segue bem. “Isso apesar da oferta de units da Via Varejo, um escândalo”, diz ele.

Críticas às units

Landers criticou a decisão da subsidiária do Pão de Açúcar de fazer uma oferta de units, recibos de ações que representarão duas ações preferenciais (sem direito a voto) e um ordinária (com direito a voto). Na prática, trata-se de um mecanismo que permite emitir mais ações sem direito a voto e garante ao controlador que ele mandará na empresa mesmo com um menor número de ações.

Ele lembrou que, recentemente, a Votorantim Cimentos tentou abrir o capital com uma megaoferta, de R$ 10 bilhões, também usando units, o que não foi bem recebido pelo mercado, que não aceitou pagar o que a empresa queria. ”A oferta da Via Varejo deveria ter a mesma resposta dos investidores”, diz.

A BlackRock está otimista também com papéis de exportadoras, especialmente com a Vale, e também com papel e celulose, com Fibria. O setor deve ser beneficiado pela alta do dólar. “Mas a questão é até onde pode ir esse dólar”, diz. O fundo reduziu a posição em Embraer, pois apesar de a empresa ser grande exportadora está com um foco que não agrada a gestora.

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