Vista aérea de Manhattan, em Nova York: novo BDR de ETF da BlackRock oferece exposição a fundos imobiliários americanos | Foto: Bloomberg (Bloomberg/Bloomberg)
Marcelo Sakate
Publicado em 16 de dezembro de 2021 às 10h43.
Última atualização em 16 de dezembro de 2021 às 10h59.
2021 foi o ano em que a importância da diversificação geográfica e de teses na carteira ficou mais evidente ao investidor brasileiro. O descolamento das ações na B3 em relação ao resto do mundo mostrou que quem ficou exposto apenas aos ventos incertos de Brasília não só deixou de ganhar dinheiro como perdeu em muitos casos.
Enquanto o Ibovespa acumulou perda de 9,7% no ano até ontem, dia 15, o S&P 500 avançou 25,4%, a Nasdaq subiu 20,8%, e o europeu STOXX 600 teve ganhos de 17,6%, para ficar em apenas três exemplos.
A boa notícia para o investidor pessoa física é que o mercado abraçou a causa e tem ampliado o número de produtos à disposição nas plataformas abertas de corretoras, bem como a qualidade e a diversidade de teses.
A novidade da vez vem da maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, que, em parceria com a B3, coloca no mercado nesta semana 20 novos BDRs lastreados em ETFs (Exchange Traded Funds), que são fundos passivos que seguem determinados índices ou teses. Os BDRs são recibos de ativos listados em bolsas no exterior. No caso dos novos produtos, eles são listados em bolsas americanas.
"São ETFs que oferecem exposições ao exterior que não estavam disponíveis no mercado doméstico e que vão permitir ao investidor pessoa física maior flexibilidade para montar a carteira", afirmou Karina Saade, CEO da BlackRock no Brasil, à EXAME Invest. No mundo, a BlackRock faz a gestão de 9,5 trilhões de dólares em ativos.
"A decisão de ampliar o número de BDRs de ETFs vai em linha com o nosso objetivo de democratizar cada vez mais o acesso aos investimentos no exterior, com a visão da construção de uma carteira completa", disse a executiva.
Com os 20 novos produtos, o número de BDRs de ETFs negociados na B3 acessíveis ao investidor de varejo chega a 65. Investidores institucionais têm acesso a 74.
A principal novidade são sete BDRs de ETFs com estratégias de fatores (factor investing): a gestão desses fundos determina a alocação a partir da identificação de fatores, que, por sua vez, são características (de ativos) persistentes e bem documentadas que historicamente influenciam o seu risco e retorno.
A tese do factor investing é que seguir fatores específicos pode resultar em uma alocação mais eficiente, com volatilidade reduzida do portfólio e expectativa de retornos acima da média de mercado.
Entre os BDRs de ETFs que seguem a estratégia de fatores estão:
"São estratégias mais difundidas no exterior mas que no Brasil ainda não são tão acessadas", disse Daniel Lobo, vice-presidente e especialista em ETFs da BlackRock no Brasil.
Outro destaque dos 20 novos BDRs de ETFs são dois produtos que oferecem exposição tanto ao mercado imobiliário americano como ao global por meio de REITS (Real Estate Investment Trust, que são fundos imobiliários):
Outras novidades oferecem exposição a empresas do setor aeroespacial e de defesa e às small caps:
"Nós sempre pensamos em como permitir que a pessoa física que só consegue investir aqui no Brasil pudesse fazer uma alocação internacional bem consistente. E, com os novos BDRs de ETFs na parte de ações, isso se torna mais possível, pensando não só em regiões como em estratégias e setores diversos", completou o especialista.
A negociação de ETFs na bolsa brasileira ganhou tração no ano passado: o volume financeiro médio diário saltou de 600 milhões de reais em 2019 para cerca de 1,45 bilhão de reais em 2020 e 1,6 bilhão de reais neste ano.
Um impulso importante no caminho para a disseminação do produto foi dado em fevereiro deste ano, quando o investidor de varejo passou a ter acesso a BDRs de ETFs, até então restritos a investidores qualificados (com pelo menos 1 milhão de reais em aplicações financeiras) e profissionais (10 milhões de reais investidos).
"Um mercado de capitais robusto passa pela oferta crescente de produtos que auxiliem na diversificação de carteira. É nosso papel sempre buscar as melhores opções para os investidores brasileiros, sejam institucionais ou de varejo", disse Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes e Pessoas Físicas da B3.