BlackRock: a maior gestora de recursos do mundo voltou a acumular posições em dívida de mercados emergentes (Bloomberg/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 24 de novembro de 2022 às 14h58.
A maior gestora de recursos do mundo voltou a acumular posições em dívida de mercados emergentes.
Amer Bisat, chefe de dívida de emergentes da BlackRock, abandonou sua visão defensiva de 2022 sobre a classe de ativos porque vê um pico nos aumentos de juros dos EUA e acha que os problemas que algumas nações enfrentam não desencadeará uma crise sistêmica. Ele prefere títulos de países como México, Indonésia e possivelmente da Polônia.
“Abriu-se uma janela para o otimismo”, disse Bisat em entrevista em Londres. “Não é mais hora de ser extremamente defensivo e não é cedo demais para alocar capital.”
A mudança de postura segue o começo de uma recuperação dos ativos de risco e está em linha com as opiniões de outros em Wall Street, como o Morgan Stanley. Os títulos de mercados emergentes, tanto em moeda forte quanto em moeda local, subiram este mês, reduzindo perdas de dois dígitos este ano.
A BlackRock estava cautelosa com a dívida de emergentes no início do ano devido às grandes necessidades de financiamento dos países, especialmente depois que a guerra da Rússia na Ucrânia fechou os mercados de capitais para os chamados créditos de risco. Os investidores também evitaram a dívida de emergentes devido ao aumento agressivos de juros pelos bancos centrais mais importantes do mundo.
“Estamos quase no fim do aperto dos banco centrais, mas ainda não acabou — ainda temos quatro a cinco meses de aumentos pela frente”, disse Bisat.
Agora que o debate gira em torno de um ritmo mais lento de aumentos de juros nos EUA, as dívidas corporativas e soberanas de emergentes denominadas em dólar se recuperaram e os prêmios de risco caíram 82 pontos-base no último mês, de acordo com dados da Bloomberg.
Embora os títulos em dólar de quase 20 mercados emergentes, da Argentina à Etiópia e ao Tadjiquistão, ainda sejam negociados em níveis de estresse, a BlackRock descarta o risco de problemas sistêmicos semelhantes à crise asiática na década de 90. Os títulos oferecem rendimentos que não exigem que os investidores sejam excessivamente agressivos, disse Bisat.
“Agora os rendimentos estão atraentes de uma forma que não eram no passado e há investidores interessados na classe de ativos porque gera renda”, disse Bisat, que administra cerca de US$ 30 bilhões com mais de 30 profissionais de investimento na BlackRock. “Você pode deter nomes fortes e ainda obter um rendimento de 6% a 7%.”