Icahn foi responsável por salvar grandes companhias, assim como a gigante Texaco. Ele ficou famoso por comprar ações de empresas mal administradas e aposta sempre em ativos que estejam subvalorizados, ou baratos para suas pretensões (Michael Nagle/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2011 às 20h08.
São Paulo – Conhecido por sua habilidade em escolher ações e recuperar grandes corporações que estão à beira da falência, o bilionário Carl Icahn, administrador de fundos, não descartou a possibilidade de uma nova crise nos mercados de ações e afirmou estar um "pouco cansado" de administrar o dinheiro alheio. Por conta disso, ele resolveu devolver todo o dinheiro aplicado pelos clientes em um fundo criado em 2004.
“Diante da rápida recuperação dos mercados nos últimos dois anos e das nossas contínuas preocupações sobre o futuro das economias, além das tensões políticas recentes no Oriente Médio, eu não quero ser responsabilizado pelos clientes por uma nova crise nos mercados”, afirmou Icahn em carta enviada aos investidores. “Não podemos descartar esta possibilidade, apesar de não prevermos ainda um novo deslocamento dos mercados”, acrescentou.
Os investidores haviam aplicado 1,76 bilhão de dólares no fundo lançado em 2004. Os cotistas receberão o dinheiro de volta a partir de abril. O bilionário não detalhou o quanto vai devolver aos clientes. Icahn citou ainda que sua própria experiência em lidar com “perdas” o ajudou a enfrentar a crise de 2008. "Mesmo que possa soar falso para alguns, as perdas que os investidores de nossos fundos sofreram (naquele ano) me preocuparam, em muitos aspectos, mais do que minhas perdas", acrescentou.
Tendência
Aos 75 anos, Icahn entra na lista de gestores de fundos de alto nível que resolveram devolver o dinheiro aos clientes, segundo aponta reportagem do jornal britânico Financial Times. Chris Shumway, fundador da Shumway Capital Partners, anunciou no mês passado a devolução do dinheiro investido por clientes em um fundo de hedge de 8 bilhões de dólares.
Um fundo da Oaktree Capital’s também irá devolver 3 bilhões de dólares de um total de 10 bilhões de dólares aos investidores. A decisão foi justificada pelas dificuldades da administradora de recursos em encontrar oportunidades diante do cenário econômico atual.
David Ganek, fundador de um fundo de 3 bilhões de dólares da Level Global, disse no mês passado que o fundo seria fechado por conta da “nuvem de incertezas” causadas pela investigação, por parte do governo dos Estados Unidos, sobre a prática de “insider trading”, ou seja, o uso de informação privilegiada.
Os fundos globais de hedge devem observar em 2011 uma entrada de capital quatro vezes maior que o visto no ano passado, para aproximadamente 210 bilhões de dólares, segundo um levantamento do Deutsche Bank obtido pelo Financial Times.