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Publicado em 21 de julho de 2025 às 18h07.
O canadense Greg Abel irá assumir o cargo de CEO da Berkshire Hathaway em janeiro, um fato que tem intrigado investidores e analistas de mercados, que quebram a cabeça para prever como será a gestão do sucessor do megainvestidor Warren Buffett na empresa. De forma geral, o mercado espera um estilo de gestão mais prático, foco em negócios e até mesmo o envolvimento em dividendos.
Buffett transformou a Berkshire de uma fábrica têxtil falida em um conglomerado de US$ 1 trilhão durante seus 60 anos no comando. Ele é amplamente considerado um mestre em delegar, identificar talentos, alocar capital e fechar negócios, tendo adquirido dezenas de empresas nas últimas décadas.
A saída do filantropo e lendário investidor não refletiu bem para as ações da Berkshire, que caíram 12% desde o anúncio de troca no comando. No mesmo período, o índice de referência S&P 500 saltou 11%. Antes do anúncio da saída de Buffett, os papéis da Berkshire acumulavam alta de 19%.
Segundo apuração do portal Business Insider, os gurus da Berkshire acreditam no potencial de Abel para diversificar a atuação da empresa.
Larry Cunningham, autor de vários livros sobre Buffett e diretor do Weinberg Center da Universidade de Delaware, previu uma mudança no estilo de gestão. "Greg Abel é um operador de coração — ele se envolverá mais diretamente com subsidiárias de baixo desempenho, ao contrário de Buffett, que era famoso por sua indiferença", afirmou Cunningham ao BI.
O acionista de longa data da Berkshire, Steven Check, afirmou que Abel é "um gestor de pessoas mais prático do que Buffett, cujo principal interesse era a alocação de capital", o que pode resultar em uma melhor administração da empresa.
Depois de consolidar a compra em participações em diversas empresas, a Berkshire gerou um faturamento de US$ 371 bilhões e lucro operacional de US$ 47 bilhões em 2024.
A maior aquisição de Buffett até o momento foi a compra da Precision por mais de US$ 32 bilhões - isso há quase uma década. Ele disse neste ano que poderia desembolsar US$ 100 bilhões "com prazer" pelo alvo cert.
Hoje, as maiores participações da empresa incluem American Express, Apple, Bank of America, Coca-Cola e Chevron.
O professor de finanças John Longo, autor do livro "Buffett's Tips", disse ao portal que "não ficaria chocado" ao ver a Berkshire começar a pagar um pequeno dividendo, dado seu "enorme saldo de caixa e forte fluxo de caixa livre". Isso poderia ajudar a "atrair uma nova classe de investidores" e impulsionar uma alta nas ações, ele acrescentou.
Já Brett Gardner, analista e autor de "Buffett's Early Investments", disse que Buffett planeja permanecer como presidente do conselho e pode "ajudar se necessário". Ele descreveu Abel como "imensamente talentoso" e demonstrou confiança no futuro da empresa.