Redação Exame
Publicado em 23 de abril de 2023 às 11h22.
Última atualização em 23 de abril de 2023 às 11h44.
O cenário difícil do varejo fez mais uma vítima. Nos Estados Unidos, a gigante varejista Bed Bath & Beyond, que vende utensílios de cama, mesa e banho desde os anos 1970, entrou com pedido de recuperação judicial neste domingo, 23.
O processo de proteção em meio à falência (o "Chapter 11" na lei americana) foi aberto em Nova Jersey, onde fica a sede da empresa. Os próximos passos dependerão da capacidade da companhia de se capitalizar ou vender o controle a um investidor interessado. Parte das quase 500 lojas também devem ser fechadas.
A empresa estimou ter ativos de US$ 4,4 bilhões e dívida de US$ 5,2 bilhões em novembro passado, de acordo com a Bloomberg.
No ano passado, a varejista já havia declarado que tinha "sérias dúvidas" sobre se conseguiria sobreviver.
As ações da Bed Bath caíram 87% neste ano antes da recuperação judicial, e a empresa perdeu um prazo para pagar títulos de sua dívida em torno de US$ 1 bilhão.
Nos últimos meses, a varejista vinha fazendo uma última tentativa de levantar fundos emergenciais com investidores, primeiro buscando chegar a US$ 1 bilhão e, por último, um valor menor de US$ 300 milhões. Mas ambas as tentativas falharam e a companhia se viu em dificuldades financeiras que não poderiam mais ser solucionadas, pioradas ainda pelo cenário de juros altos.
Como outras varejistas, a Bed Bath & Beyond, que nasceu em Nova Jersey com somente uma loja local e se tornou uma rede nacional nos EUA, sofreu com o fechamento de lojas e demissões na pandemia, concorrência com as vendas online e, mais recentemente, com o cenário de juros altos (que escancarou os problemas financeiros de muitas companhias mundo afora).
A empresa já chegou a ter 1.500 lojas, mas vinha fechando centenas de unidades nos últimos anos. Em fevereiro, a Bed Bath anunciou um último plano de reduzir as lojas para 360 nos EUA, além de 120 lojas restantes de itens para bebês, da rede BuyBuy Baby.
Além da pandemia e da situação financeira global, a empresa também viveu turbulências internamente com trocas consecutivas de comandos, chegando a ter vários CEOs nos últimos cinco anos e uma série de estratégias que pouco engrenaram.
Nos EUA, a Bed Bath era conhecida historicamente por uma política de promoções e cupons. Um dos CEOs recentes, Mark Tritton, que assumiu em 2019, tentou ainda implementar uma política de marcas próprias, em detrimento de rótulos famosos antes vendidos na promoção pela Bed Bath - mas a guinada foi rejeitada pelos consumidores, piorando as vendas.
Além do esgotamento do modelo, a concorrência com vendas digitais, como da Amazon, que aumentou a entrada em mercados de itens domésticos vendidos pela Bed Bath, ajudou a pressionar as margens.