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BCE corta juros (de novo). O estresse tarifário foi um dos motivos

Autoridade monetária quer ajudar a sua economia a suportar os efeitos colaterais das taxas de Donald Trump. Juros foram reduzidos para 2%

BCE: autoridade de política monetária corte juros para 2% (Thomas Lohnes/Pool/Reuters)

BCE: autoridade de política monetária corte juros para 2% (Thomas Lohnes/Pool/Reuters)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 5 de junho de 2025 às 11h35.

Última atualização em 5 de junho de 2025 às 11h46.

O Banco Central Europeu (BCE) reduziu, pela oitava vez, suas taxas de juros. Os motivos vão desde a inflação que está abaixo dos 2% até o estresse tarifário gerado pelos impostos de Donald Trump.

A taxa de depósito foi cortada em 0,25 ponto percentual para 2%, conforme previsto pelo consenso Bloomberg.

Segundo Christina Lagarde, presidente do BCE, tarifas mais altas e euro mais forte dificultarão exportações, mas mercado de trabalho forte e aumento da renda ajudarão economia. “Investimentos em defesa e infraestrutura impulsionarão crescimento”, afirmou.

Lagarde observa que vários fatores estão mantendo a zona do euro resiliente, incluindo os cortes nas taxas de juros do BCE e a promessa de mais gastos em defesa.

Em comunicado, o BCE enfatizou que a inflação está em torno da meta de médio prazo. Também informou que, “embora a incerteza em torno das políticas comerciais deva pesar sobre o investimento empresarial e as exportações, especialmente no curto prazo, o aumento do investimento governamental em defesa e infraestrutura apoiará cada vez mais o crescimento no médio prazo.”

Como as tarifas influenciaram no corte de juros?

Ao minar a confiança nos EUA e prejudicar o crescimento global, os impostos sobre importação do presidente Donald Trump fortaleceram o euro e reduziram os custos de energia.

Embora isso esteja acelerando a queda da inflação, alguns agora temem que os preços fiquem abaixo da meta — pelo menos antes que Bruxelas reaja com as tarifas e a Europa aumente os gastos militares e de infraestrutura.

O BCE agora prevê uma inflação para 2026 de 1,6% abaixo da meta e de 2027 em 2%.

Os títulos públicos europeus mantiveram ganhos após a decisão, com o rendimento do título alemão de 10 anos subindo 1,7% para 2,529% às 10h50.

Os mercados, de acordo com a Bloomberg, aumentaram modestamente as apostas sobre a extensão de novos cortes de juros neste ano, com 33 pontos-base esperados no total — o equivalente a mais um movimento de um quarto de ponto e uma chance em três de um novo corte.

O euro sobe em relação ao dólar, sendo negociado a US$ 1,1477, subindo 0,53% no mesmo horário.

Inflação na Europa

Em maio, a inflação caiu para 1,9% — abaixo de 2% pela primeira vez em oito meses e apenas a segunda vez desde 2021. A queda foi resultado de ganhos mais fracos nos preços do setor de serviços, uma preocupação constante para o BCE.

O crescimento salarial também esfriou, reforçando suposições de que os ganhos salariais serão moderados após alcançarem a inflação e ajudarem o BCE a atingir seu objetivo de estabilidade de preços.

Paralelamente, cresce a preocupação com o cenário econômico. A instabilidade nas políticas comerciais, que podem mudar de forma abrupta e imprevisível, tem inibido investimentos e levado famílias a postergar seus gastos. Um dos principais indicadores da atividade do setor privado na zona do euro teve leve avanço no último mês, ficando um pouco acima do limite que separa expansão de contração.

As taxas aplicadas pelos EUA à União Europeia são de 10% atualmente, mas esse valor pode aumentar para 50% em julho se as negociações entre ambas as partes fracassarem.

Nesta quinta-feira, Trump se encontra com o chanceler alemão Friedrich Merz e o comércio estará entre os principais assuntos de discussão.

Um dos temas com potencial para gerar atritos nos próximos meses é como os riscos inflacionários serão interpretados. O aumento das despesas com defesa — que também será debatido por ministros da OTAN na quinta-feira — é apontado por membros do Conselho Executivo, como Isabel Schnabel, como um fator que pode pressionar os preços, ao lado de mudanças demográficas e cadeias produtivas mais fragmentadas.

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