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BC reforça atuação, mas dólar dispara e vai ao patamar de R$3,92

O dólar avançou 2,28 por cento, a 3,9258 reais na venda, maior patamar desde 1º de março de 2016, quando ficou em 3,9411 reais

Dólar: desde fevereiro, a moeda norte-americana já disparou 23,44 por cento até este pregão (Tsokur/Thinkstock)

Dólar: desde fevereiro, a moeda norte-americana já disparou 23,44 por cento até este pregão (Tsokur/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 7 de junho de 2018 às 17h07.

Última atualização em 7 de junho de 2018 às 17h16.

São Paulo - O dólar deu novo salto nesta quinta-feira e foi ao patamar de 3,92 reais, mesmo após o Banco Central reforçar novamente sua intervenção no mercado, com o nervosismo dos investidores com as cenas política e fiscal locais.

O dólar avançou 2,28 por cento, a 3,9258 reais na venda, maior patamar desde 1º de março de 2016, quando ficou em 3,9411 reais. Na máxima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,9684 reais.

Foi o terceiro pregão consecutivo de alta, acumulou 4,87 por cento. Desde fevereiro, a moeda norte-americana já disparou 23,44 por cento até este pregão. O dólar futuro subia cerca de 1,90 por cento no final da tarde.

"Estamos vendo um pequeno ataque especulativo ao Brasil via câmbio, mas acredito que é perfeitamente contornável", afirmou o sócio-gestor da gestora Leme Investimentos, Paulo Petrassi, acrescentando que o BC tem condições de atuar.

Outros profissionais ouvidos pela Reuters também consideraram que o Brasil estaria sofrendo um ataque especulativo, a exemplo do que aconteceu com Turquia e Argentina recentemente, defendendo atuação mais firme pelo BC.

O mercado doméstico piorou após a greve dos caminhoneiros elevar as preocupações com a deterioração do quadro fiscal do Brasil, com a redução do preço do diesel gerando impacto bilionário sobre as contas do governo.

Além disso, pesquisas eleitorais têm mostrado dificuldade dos candidatos que o mercado considera como mais comprometidos com ajustes fiscais de ganhar tração na corrida presidencial.

Com isso, o BC vem atuando com mais força nos mercados e, nesta sessão, anunciou e vendeu integralmente a oferta de até 40 mil novos swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares.

Mais cedo, o BC já havia vendido integralmente outro lote de até 15 mil novos swaps, injetando com esses dois leilões 6,866 bilhões de dólares neste mês no mercado.

O BC também vendeu integralmente a oferta de até 8.800 swaps para rolagem, já somando 2,2 bilhões de dólares do total de 8,762 bilhões de dólares que vence em julho. Se mantiver esse volume até o final do mês, rolará integralmente o volume.

A turbulência recente levou os estrategistas a elevarem suas projeções para o dólar, mas a incerteza sobre as cotações disparou, mostrou pesquisa da Reuters, ilustrando como o salto da moeda norte-americana colocou em xeque os mantras otimistas que marcaram os últimos meses.

"O BC tem mesmo que atuar. Se o dólar bater em 4 reais vai ter um mal-estar muito grande", afirmou Petrassi. "Ele tem artilharia grande. Precisa aumentar o swap. Se complicar, usar (leilão de) linha. Tem que mostrar pulso firme", completou, referindo-se aos leilões de venda de dólares no mercado à vista com compromisso de recompra.

Especialistas consultados pela Reuters disseram que, caso o dólar permaneça acima do patamar de 4 reais, a atual política monetária do BC teria de ser alterada, com eventuais altas da Selic.

No exterior, o dólar também tinha viés de alta ante divisas de países emergentes, subindo ante os pesos chileno e mexicano.

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