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BC intervém no início do pregão e faz dólar subir mais de 1%

Banco Central está determinado a manter a divisa acima de R$ 2

Notas de dólar (Getty Images)

Notas de dólar (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 17 de setembro de 2012 às 12h29.

São paulo - Mesmo com o dólar operando em alta desde os primeiros negócios desta segunda-feira, o Banco Central interveio no mercado logo pela manhã, mostrando determinação para manter a divisa acima de 2 reais e puxando ganhos superiores a 1 por cento do dólar em relação ao real.

Às 11h55, a moeda norte-americana avançava 1,05 por cento, para 2,0323 reais na venda, registrando a mínima de 2,0153 reais logo no início da sessão e a máxima de 2,0345 reais.

"O BC colocou um sinal de alerta e o mercado voltou a respeitá-lo", afirmou o especialista em câmbio da Icap Corretora em São Paulo, Italo dos Santos.

Após uma atuação dupla na sexta-feira por meio de dois leilões de swap cambial reverso, que equivalem a compras de dólares no mercado futuro, o BC realizou nesta segunda-feira outra operação desse tipo antes de o pregão completar 30 minutos de duração. No momento do anúncio, o dólar operava em alta, cotado perto de 2,018 reais.

O leilão teve volume financeiro de 2,17 bilhões de dólares, com a venda de 43.500 contratos da oferta de até 70 mil para vencimentos em 1o de novembro e 3 de dezembro de 2012.

"O mercado estava sem volatilidade, bem parado, e quando o mercado fica assim, atrai especulador ... A partir do momento em que o BC atua de forma mais austera, ele afasta esse especulador e deixa o mercado mais funcional. A brincadeira fica mais cara", afirmou o especialista.

Na semana passada, em meio a uma melhora do sentimento do investidor devido a ações de bancos centrais na Europa e nos Estados Unidos que pressionavam o dólar para baixo, as intervenções do BC evitaram que a moeda rompesse 2 reais, corroborando a visão do mercado que esse nível é um piso informal para a divisa.

Autoridades brasileiras têm defendido um real mais desvalorizado para aumentar a competitividade da indústria brasileira no exterior em meio ao fraco crescimento da economia.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou na semana passada que governo continuará atuando no câmbio para garantir uma taxa competitiva para a indústria brasileira e que há um "arsenal de medidas" para evitar a valorização do real.


Câmbio flutuante?

Tais intervenções do BC colocam em dúvida, no entanto, a flutuação do câmbio no Brasil, já que além de defender o piso de 2 reais, a autoridade monetária também atuou quando o dólar ameaçou ultrapassar 2,10 reais no final de junho, consolidando uma banda informal para a moeda dentro desse intervalo.

Mantega, porém, em entrevista publicada na edição de domingo do jornal O Estado de S. Paulo negou que exista um piso para o dólar, mas sinalizou que o governo quer manter a moeda valorizada: "Antigamente flutuava em uma direção. Agora ou tem estabilidade ou flutuará na outra direção. Se for necessário, compraremos mais reserva", disse ele na entrevista.

Para o especialista da Icap, por sua vez, o BC está desempenhando seu papel de regulador e está atuando para deixar o mercado funcional.

"O BC primeiramente tem a política de inflação e de queda dos juros, e a sua outra política é conter a supervalorização do real. E ele continua mantendo essa política, atuando sempre na outra ponta: quando o mercado inteiro quer vender (dólares) e não tem quem compra, ele então assume o papel desse player", afirmou.

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