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BC intensifica medidas e dólar permanece em queda

A divisa norte-americana encerrou a sessão com queda de 0,09%


	Medidas do BC mostram que a entidade quer evitar maiores pressões para valorização da moeda norte-americana, assim como dar liquidez ao mercado, afirmou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil
 (Getty Images)

Medidas do BC mostram que a entidade quer evitar maiores pressões para valorização da moeda norte-americana, assim como dar liquidez ao mercado, afirmou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil (Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2012 às 16h17.

Um dia depois de reativar os leilões de venda de dólar conjugado com recompra, o Banco Central deu continuidade às ações com foco em liquidez e anunciou ampliação de prazo para operações de pagamento antecipado (PA) de exportações. O entendimento dos agentes do mercado é de que os anúncios recentes do BC estão mais voltados a assegurar o fluxo de liquidez no final do ano, período de intensificação de remessas de capital para o exterior, do que defender um nível para o câmbio, mas o efeito prático na cotação do dólar tem sido de declínio. No encerramento dos negócios nesta terça-feira, o dólar fechou cotado a R$ 2,1170, com queda de 0,09% abrandada pela piora das bolsas.

Para o sócio-diretor da Pionner Corretora, João Medeiros, "(a ampliação de prazo) vem tardiamente corrigir uma distorção", uma vez que desde março deste ano o pagamento antecipado estava limitado ao período de um ano. Naquela época, observa ele, a avaliação do governo era de que um tsunami de recursos no mercado brasileiro, assim como para outros emergentes, seria a consequência das ações dos BCs das economias avançadas. A alteração anunciada hoje, prossegue Medeiros, está "demonstrando na prática o quanto estavam errados".

O anúncio de hoje se dá "em um período de saída de capital durante o qual o BC quer evitar um ambiente com liquidez comprometida. Então, quer dar liquidez para o mercado e evitar pressão maior para a valorização do dólar", acrescentou o estrategista-chefe do Banco WestLB do Brasil, Luciano Rostagno.

Na prática, o efeito calendário - de remessas para o exterior por corporações - está se somando à percepção predominante no mercado de que o governo quer um real mais depreciado para se contrapor ao enfraquecimento da economia. Depois do PIB enfraquecido no terceiro trimestre, a produção industrial em outubro, divulgada hoje e mostrando recuo da produção de bens de capital, fortalece a visão de que a administração estaria mais disposta a tolerar um dólar mais elevado para beneficiar a indústria, ainda que isso traga mais inflação. O que o BC parece buscar, menciona Rostagno, é "desvalorização gradual do real para minimizar o efeito na inflação".


O saldo comercial também pode ser uma razão adicional para a mudança nos prazos para pagamento antecipado de exportação, cita Medeiros. Em novembro, a balança comercial registrou déficit de R$ 186 milhões, depois de ter registrado superávit de US$ 1,662 bilhão em outubro.

No mercado doméstico, o dólar à vista fechou cotado a R$ 2,1170 no balcão, em queda de 0,09%. Na máxima, a moeda bateu em R$ 2,1250 e tocou em R$ 2,1020, na mínima do dia. O giro financeiro somava US$ 1,448 bilhão (US$ 1,371 bilhão em D+2) pouco depois das 16h30.

Na BM&F, a moeda spot fechou cotada a R$ 2,1127, com queda de 0,25% e três negócios (dados preliminares).

O declínio do dólar ante o real mostrou abrandamento de forma concomitante à piora do mercado acionário em Nova York e no País. A moeda permanece acima de R$ 2,10, ajudando a fortalecer a visão de alguns agentes financeiros que tal nível pode ter se tornado piso informal para o nível de negociação do dólar.

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