Dólar: "O céu é o limite", afirmou no meio da tarde Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade corretora, ao avaliar o avanço da moeda (Joe Raedle/Newsmakers)
Da Redação
Publicado em 19 de agosto de 2013 às 17h49.
São Paulo - Nem mesmo três intervenções do Banco Central (BC) por meio de swaps e o anúncio de um leilão de linha (venda de dólar com compromisso de recompra) para o pregão seguinte foram capazes de segurar o avanço do dólar ante o real nesta segunda-feira, 19.
A expectativa com o início da retirada de incentivos à economia dos Estados Unidos, dados ruins da balança comercial brasileira e a desconfiança dos investidores com o país impulsionaram a moeda norte-americana. No fim, o dólar terminou em alta de 0,92%, cotado a R$ 2,4140 - maior valor de fechamento desde 2 de março de 2009.
O dólar até caiu de manhã, com o BC fazendo dois leilões de swap cambial (equivalente à venda de dólares no mercado futuro). No primeiro, no início do dia, o BC vendeu 40 mil contratos (US$ 1,987 bilhões) e, no segundo, entre 10h30 e 10h40, mais 20 mil (US$ 986,1 milhões). Vale lembrar que a segunda atuação, anunciada na última sexta-feira, 16, tinha o objetivo de rolar parte dos contratos de swap que vencem no início de setembro.
Neste cenário, o dólar marcou a mínima de R$ 2,3860 (-0,25%) no balcão às 10h35. A moeda dos EUA voltou a retomar o fôlego, influenciada pelo exterior e por certa desconfiança quanto à condução da política econômica do governo, conforme profissionais das mesas de operação. Na máxima, às 15h11, o dólar chegou a R$ 2,4260 (+1,42%).
Pouco depois de o dólar atingir a máxima, o BC anunciou o terceiro leilão de swap, em que vendeu apenas 12.550 contratos (US$ 627,9 milhões) do total de 40 mil oferecidos. Às 15h31, o BC voltou à carga e anunciou um leilão de linha (venda de dólares com compromisso de recompra) para terça-feira, 20. "O céu é o limite", afirmou no meio da tarde Luiz Carlos Baldan, diretor da Fourtrade corretora, ao avaliar o avanço do dólar.
Segundo ele, a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, BC dos EUA) inicie a redução de estímulos em setembro deixa a autoridade monetária brasileira "com a corda no pescoço". "O BC insiste em fazer swap cambial, mas continuamos com o dólar em alta. Se ele não fizer venda de dólar à vista, não vai resolver", comentou. Para Baldan, até mesmo o leilão de linha previsto para o próximo pregão tende a não ser tão eficaz para conter as cotações.
Outro profissional da mesa de câmbio de um grande banco destacou que também foi um dia de pressão de alta no exterior em função do Fed. No Brasil, o movimento é exacerbado, porque "o sentimento em relação à nossa economia não é bom".
Circularam nas mesas de operação comentários de que o governo trabalharia com a perspectiva de um dólar a R$ 2,50 no fim do ano. Para piorar, vieram dados da balança comercial que, na terceira semana do mês, teve déficit de US$ 334 milhões.
Após o fechamento dos negócios, o BC anunciou novo leilão de swap para terça, das 10h30 às 10h40. Mais uma vez, serão ofertados 20 mil contratos (US$ 1 bilhão) para rolar vencimentos previstos para setembro. Às 17h17, o dólar para setembro tinha alta de 0,85%, valendo R$ 2,4220 no mercado futuro.