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BC americano pode por a “cereja no bolo” dos mercados

Investidores esperam que os EUA anunciem um novo programa de estímulo econômico


	Ben Bernanke deve anunciar hoje o novo programa de estímulo para a economia americana
 (David Stubbs/Reuters)

Ben Bernanke deve anunciar hoje o novo programa de estímulo para a economia americana (David Stubbs/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 13 de setembro de 2012 às 06h00.

São Paulo – O mercado aguarda entusiasmado pelo resultado da reunião de política monetária do Banco Central americano programado para ser divulgado publicamente às 12h30 desta quinta-feira. O anúncio do terceiro programa de estímulo econômico para enfrentar a crise – chamado de QE3 (Quantitative Easing 3) – vem após o Banco Central Europeu iniciar na semana passada as compras ilimitadas de bônus da dívida soberana de curto prazo de países da região em problemas e a Alemanha abrir ontem o caminho para novas atuações do BCE na crise. Ou seja, a decisão da turma comandada por Ben Bernanke é vista como a “cereja do bolo” para uma recuperação dos mercados.

O relatório de emprego de agosto do Departamento do Trabalho e o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Ben Bernanke, na conferência anual de economistas e presidentes de bancos centrais Jackson Hole, no Wyoming, dão indícios de que algo poderá ser feito, mas a proximidade das eleições presidenciais pode atrapalhar e adiar o anúncio de uma ação mais substancial pelo menos até novembro.

Pistas

Em seu discurso no encontro, Bernanke falou sobre “o que aprendemos sobre a eficácia e as desvantagens de formas menos familiares de políticas monetárias”. Ao final de sua fala, depois de provar com argumentos e exemplos que os benefícios dos programas QE superam os custos, ele garantiu que o Fed vai promover “acomodação política adicional conforme a necessidade para promover uma forte recuperação econômica e uma melhora sustentada nas condições do mercado de trabalho, em um contexto de estabilidade de preços”.


Os dados do desemprego nos EUA divulgados na última sexta-feira reforçam o sentimento de que o Fed terá que intervir para estimular o crescimento da economia. Apenas 96 mil novos postos de trabalho foram criados em agosto, abaixo das 141 mil vagas de julho e um número irrisório perto dos 12,5 milhões de americanos desempregados.

Caixa de ferramentas

De acordo com o The Wall Street Journal, os diretores do BC pendem na direção de um programa ilimitado de compra de títulos de dívida. Dessa forma, o Fed tem a opção de comprar mais títulos depois da rodada inicial caso a economia não reaja. Há também certa preferência por uma mistura de títulos lastreados por hipotecas e notas do Tesouro Americano.

Para o analista David Carbon, do banco cingapuriano DBS, o anúncio predeterminado em Jackson Hole, deve vir hoje. “A única resposta correta de qualquer membro do FOMC [Federal Open Market Committee], de qualquer republicano ou democrata é ‘Ben, você está certo, é hora de fazer mais’”, disse em um relatório.

O economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, acredita que nada vai acontecer antes de que se saiba quem vai se sentar no salão oval a partir do ano que vem. “Seria imprudente atuar mais forte sem saber com certeza qual será a diretriz para os próximos 4 anos”, disse em um relatório.


Além disso, o economista não acredita na eficácia de uma nova rodada de expansão monetária, visto que os títulos americanos de 10 anos já estão em uma baixa recorde e que a curva de rendimento caiu significativamente para todos os vencimentos. “É como se o mercado tivesse feito o QE3 para o Fed”, diz André. 

BCE

Na europa, Mario Draghi e a corte alemã já fizeram sua parte para contribuir para um alívio na crise econômica mundial. Na última quinta-feira, O Banco Central Europeu (BCE) anunciou compras ilimitadas de bônus da dívida soberana com vencimentos entre um e três anos de países da Zona Euro que fizerem essa solicitação, sob estritas condições. O programa de compra de dívida, batizado "Outright Monetary Transactions" (OMT, Transações Monetárias Diretas), foi recebido com fortes altas nas bolsas e com uma redução das taxas através das quais são negociadas as dívidas dos países mais afetados pela crise, como Espanha e Itália.

A Corte Constitucional da Alemanha ratificou ontem o Mecanismo de Estabilidade Europeu (ESM, na sigla em inglês) e o Pacto Fiscal, mas não sem impor uma série de condições para que o ESM fique dentro dos limites de compatibilidade com a constituição alemã. A aprovação abre caminho para a criação de um mecanismo permanente de resgate, que poderá fornecer assistência financeira em grande escala para as economias endividadas da zona do euro. 

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