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Resultados do BB (BBAS3) frustram, mas projeção de lucro dá algum piso ao mercado

Balanço vem fraco, mas novo guidance de lucro vem 'menos ruim' do que o esperado pelo mercado; analistas, no entanto, acham que nova projeção pode ser 'muito otimista'

BB: Lucro caiu 60% na comparação anual e ROE foi ao menor patamar desde 2016 (Rafael Henrique/Getty Images)

BB: Lucro caiu 60% na comparação anual e ROE foi ao menor patamar desde 2016 (Rafael Henrique/Getty Images)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 15 de agosto de 2025 às 10h42.

Última atualização em 15 de agosto de 2025 às 11h48.

Ninguém esperava um bom resultado para o Banco do Brasil (BBAS3) no segundo trimestre. Mas os números apresentados ontem à noite frustraram ainda mais as expectativas do mercado – especialmente com o aumento das provisões também para a carteira geral de empresas, além do segmento de agronegócio, que já vinha pressionado.

As ações chegaram a cair mais de 3% no começo do pregão, mas viraram por volta das 11h30 e  passaram a operar em alta de 1,3%, diante de guidance de lucros que foi considerado 'menos ruim' que as expectativas do mrcado. Os papéis já caíram mais de 30% desde o anúncio dos resultados do primeiro trimestre, em maio deste ano.

O BB reportou um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, queda de 50% frente ao primeiro trimestre e de 65% na comparação com o segundo trimestre de 2024. O resultado ficou 30% abaixo do consenso, que já tinha sido revisado para baixo no começo do mês com os dados decepcionantes reportados ao Banco Central. O retorno sobre patrimônio (ROE) foi a 8,4%, o pior patamar desde 2016.

A principal surpresa negativa veio do aumento das provisões para perdas, puxado pelo segmento corporativo mais geral, que subiu nada menos que duas vezes e meia em relação ao primeiro trimestre, para R$ 4,3 bilhões. Na carteira de agro, a alta foi de 51%, para R$ 7,9 bilhões, enquanto para a carteira de pessoas físicas, o avanço foi de 18%, para R$ 4,8 bi.

Ajustando-se à nova realidade, o BB voltou a apresentar a projeção de lucro para o ano, que tinha sido suspensa após o balanço do primeiro trimestre, que deixou claro os desafios do banco, especialmente na carteira agro.

O guidance agora é de R$ 21 bilhões a R$ 25 bilhões de lucro líquido para este ano, uma queda entre 34% e 45% em relação aos R$ 37,9 bilhões de 2024.

A queda em relação à previsão anterior, dada no fim do ano passado, mostra o tamanho da surpresa do banco com o andar da carruagem no primeiro semestre: antes, o banco previa ganhos entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões.

A nova projeção veio em linha com as expectativas do mercado. Depois dos R$ 11,2 bilhões em lucro obtidos no primeiro semestre, o ponto médio de R$ 23 bilhões implica lucros de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por trimestre, acima do segundo trimestre. "Talvez isso tenha vindo 'menos pior' do que o mercado esperava", diz o Itaú BBA.

Ainda assim, o banco diz que continua cauteloso, "buscando mais visibilidade", mas não espera uma reação negativa tão forte.

Para o BTG (do mesmo grupo de controle da EXAME), por outro lado, as estimativas parecem "muito otimistas”. Apesar de o ponto médio do guidance do ano apontar para uma recuperação importante para os ganhos no segundo semestre, a equipe do BTG diz que não tem muita visibilidade sobre o ritmo da melhora.

“Negociando a 0,63 vezes o valor patrimonial, ainda não vemos razão para otimismo, dado que acreditamos que a deterioração dos resultados está vindo de elevador, enquanto uma recuperação provavelmente vai subir de escada”, escreve o analista Eduardo Rosman.

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