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BB: bom para correntistas e péssimo para acionistas

Analistas acreditam que o banco está mais preocupado com políticas do governo do que com a rentabilidade aos acionistas


	BB tem atuado em conjunto com o Governo Federal para baixar os juros 
 (Spencer Platt/Getty Images)

BB tem atuado em conjunto com o Governo Federal para baixar os juros  (Spencer Platt/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2012 às 06h03.

São Paulo – O Banco do Brasil (BBAS3), maior em ativos no país, pode ser um bom lugar para os seus correntistas, principalmente após as quedas nas taxas de juros forçadas pelo Governo Federal, mas não é um investimento muito amigável para os acionistas. Em 12 meses, os papéis só não têm desempenho pior dentro do índice Financeiro (IFNC) do que o Panamericano (BPNM4) e o BicBanco (BICB4).

De acordo com dados da Economática, o valor de mercado de 23 bancos brasileiros subiu para 417,7 bilhões de reais no dia 21 de agosto de 2012, crescimento de 17,9 bilhões de reais, ou 4,49%, ante o visto no final do ano passado (399,8 bilhões de reais). O Banco do Brasil, contudo, perdeu 1,14 bilhão de reais em valor de mercado no período, chegando a 66,7 bilhões de reais.

Após avaliar os números do segundo trimestre do banco, a equipe de análise de ações do Santander rebaixou a recomendação aos papéis de “manutenção” para “abaixo do mercado” e citou a expectativa de um declínio ainda mais forte na lucratividade no médio prazo “após a implementação, pelo banco, da ordem dada pelo governo para cortar as taxas de crédito”, mostra o relatório.

Empresa Código Var.12m (%) Var.Ano (%)
BicBanco BICB4 -17,75 -14,27
Panamericano BPNM4 -13,69 -20,83
Banco do Brasil BBAS3 -2,18 2,89
SulAmérica SULA11 3,2 -0,9
Porto Seguro PSSA3 10,46 -7,9
Cetip CTIP3 13,12 2,41
Banrisul BRSR6 16,38 -11,5
Santander SANB11 24,89 12,77
Itaú ITUB3 29,75 11,55
Itausa ITSA4 30,56 -0,02
Bradesco BBDC3 31,1 12,69
Itaú ITUB4 33,77 3,26
Bradesco BBDC4 34,8 13,99
ABC Brasil ABCB4 35,53 1,4
BM&Fbovespa BVMF3 40,68 25,28
Redecard RDCD3 45,83 18,39
Cielo CIEL3 87,85 48,39

O Banco do Brasil reduziu as estimativas de rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) em 2012 após os resultados. Enquanto o esperado anteriormente era um nível entre 19% a 22%, agora a expectativa caiu para um intervalo entre 17% a 20%. Os analistas Henrique Navarro e Renato Schuetz, contudo, acreditam que essa rentabilidade pode cair ainda mais no ano que vem.


“Acreditamos que o Banco do Brasil será administrado cada vez mais para atender políticas públicas, às custas de lucratividade e retornos para os acionistas”, ressaltam Navarro e Schuetz. O Santander tem um preço-alvo de 25 reais para as ações do BB, o que sugere um potencial de valorização de 6,6% na comparação com o fechamento de quarta-feira.

Crédito

A estratégia de baixar os juros e seguir o programa BOMPRATODOS do Governo Federal deve aumentar a participação de mercado frente aos bancos privados, estimam os analistas. Isso, contudo, irá ampliar o déficit de capital e, se o BB quiser manter o índice perto dos níveis atuais (6,6%), irá precisar captar recursos. “De acordo com o critério Basileia III, o Banco do Brasil tem uma posição fraca de capital CT1 (Capital Tier 1), que é um grande motivador no desconto na avaliação com o qual sua ação é negociada em relação aos pares do setor privado no país”, explicam.

O Santander projeta que o banco precise de mais 26 bilhões de reais até o início de 2014 para fechar a lacuna para o índice visto como adequado pelo Santander, que é de 10,3%. “Um aumento de capital desse porte aumentaria o número de ações em 40%, considerando a atual cotação”, calculam. A adequação do nível, contudo, poderia reduzir o desconto atribuído à análise das ações do banco em relação aos demais no país, afirmam os analistas.

Previ

Além de tudo isso, o BB ainda enfrenta um desafio na gestão do Previ, o fundo de pensão dos seus funcionários e o maior do país. Um levantamento feito por EXAME e publicado na edição mais recente da revista, mostra que, em 2011, dez das 15 maiores fundações do país não conseguiram entregar o que prometeram. É o caso do Previ.

Segundo o Santander, o banco pode ter que financiar os déficits do fundo de pensão se os preços das ações do Banco do Brasil e da Vale (VALE3; VALE5)permanecerem em níveis atuais. O Previ tem aproximadamente 100 bilhões de reais em ações da mineradora.

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