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Barões da bitcoin deixam China e buscam vida nova pela Ásia

Forçadas a deixar o próprio território, as empresas apostam que investidores com uma demanda insaciável por investimentos alternativos as seguirão

Bitcoin: a ida para o exterior pode ajudar as operadoras a se protegerem de riscos, a atraírem novos clientes e a se posicionarem em outros lugares desse setor de US$ 170 bilhões (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Bitcoin: a ida para o exterior pode ajudar as operadoras a se protegerem de riscos, a atraírem novos clientes e a se posicionarem em outros lugares desse setor de US$ 170 bilhões (Chris Ratcliffe/Bloomberg)

Rita Azevedo

Rita Azevedo

Publicado em 30 de outubro de 2017 às 09h44.

Última atualização em 30 de outubro de 2017 às 09h47.

As maiores operadoras de criptomoedas da China estão mostrando que não se abatem facilmente.

Bolsas e carteiras chinesas como OKCoin e Binance.com estão buscando vida nova em jurisdições mais amigáveis da Ásia em meio à repressão à negociação e à oferta de moedas na China continental. Elas estão solicitando licenças no Japão -- por conta própria ou por meio de parcerias --, criando mercados de balcão em Hong Kong ou lançando as bases para operar em Cingapura e na Coreia do Sul.

Forçadas a deixar o próprio território, as empresas que dominavam o maior mercado de moedas digitais do mundo apostam que investidores com uma demanda insaciável por investimentos alternativos as seguirão. A ida para o exterior pode ajudar as operadoras a se protegerem de riscos, a atraírem novos clientes e a se posicionarem em outros lugares desse setor de US$ 170 bilhões.

“A China representava uma parcela significativa do mercado de criptomoedas, por isso achamos que a demanda está lá”, disse Lennix Lai, diretor de mercados financeiros em Hong Kong da OKEx, que é apoiada pela OKCoin. “Como éramos uma das maiores operadoras da China, acreditamos que temos uma boa chance de competir globalmente.”

Bolsas startups vivem ou morrem segundo a capacidade de executar transações, por isso é tão importante a localização das operações e dos servidores. Com a repressão na China esses mercados são forçados a transferir recursos em massa.

O Japão surgiu como um porto seguro para muitas operadoras por suas políticas favoráveis: o órgão regulador financeiro local autorizou 11 bolsas em setembro e algumas delas, como a BTCBox, já estão atendendo uma ampla base de clientes chineses. O envolvimento próximo da agência reflete o desejo de erradicar a lavagem de dinheiro e também de evitar outro fiasco como o colapso da Mt. Gox. A postura ajudou o Japão a recuperar o título de maior mercado de criptomoedas do mundo nas últimas semanas.

Pelo menos 19 empresas se candidataram a uma licença japonesa. Zhao Changpeng, CEO da operadora de bolsa Binance.com, afirma que também está procurando parceiros locais e que está até mesmo estudando a aquisição de uma bolsa operacional. Empresas como a Bixin, com sede em Pequim, também manifestaram interesse. O aplicativo internacional da firma é conhecido como Pocket IM, um serviço de mensagens que funciona como carteira de bitcoins. A recepção inicial foi calorosa.

“Estamos falando com quase todos. Estão todos desesperados”, disse Mike Kayamori, chefe da Quoine, com sede em Tóquio, que no mês passado foi autorizada a operar uma bolsa de bitcoins no país. Kayamori espera fechar acordo com alguma parceira chinesa até o fim do ano. “Há muita gente do setor de varejo da China nos procurando, mas não podemos lidar com isso. Por isso, se uma parceira chinesa puder lidar com todos eles e conectá-los conosco, será muito mais fácil.”

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