Sede do Inter: banco saiu de ROE negativo para uma rentabilidade de 1,6% (Inter/Divulgação)
Repórter de Invest
Publicado em 20 de março de 2023 às 14h06.
Última atualização em 20 de março de 2023 às 14h35.
No início de 2023, o banco Inter apresentou uma proposta ousada de alcançar e superar a rentabilidade dos maiores bancos do país em cinco anos. Meses depois, o indicador de rentabilidade foi visto com lupa por investidores e analistas no balanço do quarto trimestre e muitos ainda têm dúvidas sobre como o Inter pretende alcançar o caminho para a rentabilidade.
O resultado do quarto trimestre do Inter mostrou um lucro líquido positivo, de R$ 29 milhões. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), indicador que mostra a capacidade de um banco em rentabilizar seu capital, vinha sendo negativo nos trimestres passados, mas, no último, também virou para o positivo e subiu para 1,6%.
Embora tenha apresentado melhora, a velocidade da guinada ainda preocupa. O plano do Inter é alcançar um ROE de 30% até 2027, mas ainda falta à administração detalhar o caminho que já está sendo trilhado para alcançar esse resultado, dizem os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).
“A lucratividade está demorando mais para melhorar, o cenário macro não está ajudando e há riscos crescentes em produtos-chave como cartões de crédito (com teto rotativo em discussão) e folha de pagamentos do INSS (com redução recente no teto tarifário). Apesar do capital principal permanecer alto, ele continua encolhendo rapidamente, e ainda acreditamos que o principal risco para o caso de investimento é demorar muito para o ROE melhorar”, afirmam os analistas.
Em entrevista à EXAME Invest, Helena Caldeira, CFO do Inter, e Santiago Stel, diretor de estratégia e relações com investidores do banco, apontaram as direções que o Inter pretende seguir ainda em 2023 para se encaminhar para a lucratividade.
“Saindo de um ROE de praticamente zero em 2022, a principal meta para o curto prazo é começar a mostrar um ganho de rentabilidade mais significativo do que entregamos no último ano”, destacou Caldeira. Para isso, o Inter aposta em três frentes: expansão de margens, melhoria na qualidade da carteira de crédito e redução da alavancagem operacional.
A expansão das margens viria com a reprecificação da carteira de crédito, enquanto, na qualidade, o objetivo é diminuir as despesas de provisão. “Isso será feito tanto com a melhoria de modelagem de cartão de crédito e em produtos sem garantia como com o crescimento de carteiras que normalmente tem menos previsão. Assim temos mais previsibilidade de recebimento dos valores”, completa a CFO.
O banco pretende se manter mais conservador na concessão, considerando um cenário macroeconômico desafiador, ainda de juros altos. O Inter não fornece guidance, mas a expectativa é de que a carteira deva crescer menos que os 40,2% do ano passado. Por sua vez, com uma base maior, o Inter espera ter mais força para implementar seu plano estratégico. A carteira fechou o ano de 2022 com a marca de R$ 24,5 bilhões.
O último ponto da estratégia é a redução da alavancagem, que já havia sido detalhada no dia do investidor do Inter junto com o plano para os próximos cinco anos. A questão será equalizada pelo índice de eficiência do banco, razão entre despesas e receitas operacionais, que deve cair dos atuais 70% para 30%.
Do lado das despesas, o Inter aposta na manutenção do custo de serviço por cliente ao longo dos próximos anos, que assim se traduziria em um diferencial competitivo. Já do lado da receita, o objetivo é amplificar os ganhos crescendo e engajando a base de clientes.
A base teve crescimento acelerado, saindo de 5,3 milhões de usuários ativos em 2020 para 12,6 milhões em 2022. O ritmo, no entanto, está desacelerando, saindo de um crescimento de 68% no quarto trimestre de 2021 para alta de 43% no quarto trimestre de 2022.
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