BANCO INTER: em primeiro dia de negociação, empresa fechou com ações estáveis, apesar de ter subido até 16% durante o pregão / Divulgação (Banco Inter/Divulgação)
Tais Laporta
Publicado em 4 de julho de 2019 às 13h29.
A ação do Banco Inter (BIDI4) subia mais de 7% na B3, por volta das 13h desta quinta-feira (4), depois que seu conselho de administração aprovou o programa de units (papéis que reúnem ações ordinárias e preferenciais) destinado a acionistas da companhia. O plano prevê a conversão de suas ações entre os dias 8 a 15 de julho.
"A efetivação do programa de units está condicionada à adesão de acionistas titulares de ações representativas de, pelo menos, 40% das ações preferenciais de emissão do banco", informou o Inter em comunicado.
Segundo o sócio-fundador da Nord Research, Bruce Barbosa, a alta de hoje reflete o anúncio do desdobramento. "O investidor pessoa física costuma gostar deste tipo de ativo, porque as ações ficam mais baratas e aumenta a liquidez".
Aspirante a sexto maior banco de varejo do país, o Inter acumula alta de mais de 65% em seus papéis desde o começo do ano. A ação era negociada por volta de R$ 11,58 após o desdobramento em units.
No mês passado, o Banco Inter anunciou que pretendia reorganizar sua estrutura societária. Para isso, informou que ia emitir ações ordinárias (ON) para desdobrar seus papéis preferenciais (PN) em units – pacote que reúne as duas classes de ações. Desde então, a instituição tinha apenas papéis preferenciais, que dão aos acionistas prioridade na distribuição de dividendos, mas não dão direito a voto em assembleias.
Cada unit será composta por uma ação ordinária e duas preferenciais. O banco anunciou que ia desmembrar suas 101.534.167 ações – de modo que 50.767.085 seriam ordinárias e 50.767.082 preferenciais. A proporção é de 1 para 6 ações da mesma espécie. Dessa forma, o capital social do banco passa a ter 609.205.002 ações.
Com a mudança, os acionistas do Inter poderão ter uma participação mais ativa nas decisões da instituição. Outro objetivo é dar mais liquidez (facilidade de compra e venda) aos papéis no longo prazo.
Com o aumento de unidades em negociação na bolsa (mais liquidez), a ação tende a ter mais demanda pelo menor preço da nova ação, o que ajuda sua valorização, segundo analistas.
O banco, que diz ter atingido mais de 2 milhões de correntistas no primeiros trimestre, pediu no mês passado para migrar para o segmento especial Nível 2, o penúltimo degrau na escala de governança corporativa da B3.
O Nível 2 dá aos acionistas poder de voto em momentos estratégicos como fusões e aquisições e o chamado “tag along”, que permite aos minoritários receber 100% dos recursos pagos pelo controlador em caso de venda da participação.
Após esta etapa, o banco quer ainda incrementar sua estrutura de capital. Para isso, estuda a entrada de um investidor estratégico ou uma oferta pública primária subsequente de ações.
Segundo o Inter, este movimento será importante para sustentar o ritmo de crescimento desde a sua abertura de capital, ocorrida em 2018.
Em abril, o Inter recebeu aprovação do governo para ter até 100% de seu capital nas mãos de estrangeiros, se necessário. O banco é controlado pela família Menin, que detém 57,9% do seu capital e também é dona da construtora MRV Engenharia.