Bradesco (Paulo Whitaker/Reuters)
Repórter de mercados
Publicado em 31 de julho de 2025 às 15h33.
Última atualização em 31 de julho de 2025 às 15h51.
Os resultados do Bradesco (BBDC4) vieram fortes no segundo trimestre, mas em linha com as expectativas do mercado. Com o avanço de 36% nos papéis desde o começo do ano, acima dos concorrentes e dos mercados em geral, as ações que começaram o dia em leve alta, viraram para o negativo e por volta das 15h20 recuavam 0,89%.
Na avaliação do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o segundo trimestre a uma revisão positiva no retorno sobre patrimônio (ROE) para os próximos anos.
“Os resultados refletem uma combinação saudável de crescimento na margem com clientes, impulsionado por um mix de crédito com garantias mais forte e spreads mais eficientes, além do avanço contínuo nas receitas com serviços e seguros”, acrescentou o analista Evandro Medeiros, da Suno Research.
O lucro líquido ajustado do Bradesco no período foi de R$ 6,1 bilhões, o que representa um crescimento de 29% em relação ao mesmo período do ano anterior.
A carteira de empréstimos expandida (sem variação cambial) registrou um crescimento de 12% em relação a 2024, com um desempenho robusto em diversas linhas de crédito. O BTG destacou o aumento de 14% nos empréstimos rurais corporativos, 5% nos empréstimos pessoais, 3,6% nas PMEs e 3% no financiamento de veículos.
A elevação da taxa Selic durante o período afetou a gestão de ativos e passivos, mas de forma menos intensa do que os analistas do BTG haviam antecipado. O NII de mercado foi quase R$ 140 milhões melhor do que o esperado, atingindo R$ 288 milhões, com queda de 38% em relação ao primeiro trimestre e 11% na comparação anual.
As provisões para perdas com crédito totalizaram R$ 8,9 bilhões, representando aumento de 7% no trimestre e 6% no comparativo anual, impulsionadas pelo forte crescimento nas operações de varejo. Os analistas do Goldman Sachs destacaram que esse foi um dos pontos negativos do balanço, com o custo do risco subindo 20 pontos-base, e atingindo 4,4%.
A inadimplência acima de 90 dias se manteve estável em 4,1%, com o segmento corporativo subindo levemente para 0,4%, ainda em níveis baixos. Já os segmentos de crédito individual e PMEs ficaram estáveis em 5,1% e 4,3%, respectivamente. A inadimplência de 15-90 dias, por outro lado, aumentou para 3,5%, um indicador-chave para as provisões.
As despesas operacionais do Bradesco subiram 6% no trimestre e 10% no comparativo anual, com despesas administrativas e com terceiros representando a maior parte desse aumento. O indicador, contudo, foi impactado pela consolidação da Cielo e pela aquisição do John Deere Bank — excluindo esses efeitos, as despesas operacionais teriam aumentado 7% na comparação anual.
No primeiro trimestre, o Bradesco adquiriu participação de 50% no John Deere Bank, subsidiária da americana Deere & Company, companhia focada no fornecimento de equipamentos para agricultura, construção e silvicultura. Essa operação incorporou na carteira Bradesco R$17 bilhões focada em empréstimos rurais.
A otimização da rede de agências, por sua vez, continuou com o fechamento de 500 pontos de atendimento, totalizando 5.226 unidades.
Os resultados do setor de seguros apresentaram crescimento de 7% no trimestre, com destaque para o segmento de seguros de saúde, que teve bom desempenho tanto nos resultados financeiros quanto nos resultados operacionais.
Um dos indicadores que chamaram a atenção foi a melhoria do Índice de Cobertura de Liquidez, que passou de 135% para 148%, refletindo a maior capacidade do banco em lidar com obrigações de curto prazo.
Isso também indica que os custos de captação, ou seja, os custos relacionados ao financiamento do banco, continuam favorecendo a instituição.
Em resposta aos bons resultados, os analistas do Itaú BBA revisaram para cima suas expectativas de crescimento de receitas de serviços e seguros, elevando suas estimativas de lucro para 2025 em cerca de 3%. Eles reiteraram sua recomendação de “compra” para as ações do Bradesco, com preço-alvo de R$ 20,00, implicando um potencial de valorização de 28,5% sobre o preço atual de R$ 15,56.
Por outro lado, o Goldman Sachs manteve recomendação de “venda”, com um preço-alvo de R$ 14, apontando para um desconto de 10,6% sobre o preço atual. O banco vê risco de valorização no crescimento da carteira de crédito, no ganho de participação no segmento de alta renda e nas melhorias de eficiência operacional.