Centro de operações da Submarino, uma dos sites da B2W (Luis Ushirobira/Info Exame)
Da Redação
Publicado em 10 de janeiro de 2011 às 17h46.
São Paulo - Os rumores de uma operação de incorporação total da B2W (BTOW3) pelas Lojas Americanas (LAME4) mexeram com as ações das duas empresas no pregão desta segunda-feira (10) na BM&FBovespa. Os papéis da B2W chegaram ao pico de 7% de valorização, negociados a 34,24 reais. Já as ações das Lojas Americanas fecharam no lado oposto dos negócios, em queda de 0,7%, negociadas a 15,53 reais.
Dona de 54,94% do capital da B2W, a Lojas Americanas estaria se preparando para adquirir o total das ações da subsidiária e fechar seu capital. O negócio, estimado em 1,7 bilhão de reais, seria encerrado ainda neste trimestre. As informações são do jornal Valor Econômico, em reportagem de hoje.
Mercado busca prêmio
A saída da bolsa de valores seria um dos últimos capítulos de uma crise para o braço digital da companhia, que apanhou da concorrência ao longo de 2010 e viu suas ações perderem quase 34% durante o mesmo período. Em queda, os papéis criariam o cenário ideal para a aquisição, afirma o analista de varejo Mário Bernardes, da BB Investimentos. “Os papéis estão com valor baixo, e mesmo com a exigência de prêmio por parte dos minoritários, seria um negócio atraente”, explica Bernardes.
Segundo ele, as oscilações do dia podem estar refletindo a troca de posição dos acionistas, que saíram da Lojas Americanas e rumaram para a B2W em busca do prêmio que invariavelmente a controladora teria de arcar na operação. “Os investidores podem estar comprando para vender mais caro no futuro com o fechamento do negócio”, aponta.
A busca pelo prêmio também é ressaltada pela equipe de análise da corretora Fator. “Acreditamos que os minoritários da B2W exigirão um prêmio sobre o valor de mercado para aceitar se desfazer de suas ações, que pertencem ao novo mercado”, destaca a corretora em relatório assinado pelos analistas Renato Prado e Ronaldo Kasinsky.
Para os papéis da controladora, no entanto a expectativa é de queda, ao menos até que novas informações diminuam a desconfiança do mercado. “Mesmo que o acordo permita a Americanas a assumir o controle total e reduzir custos, aproveitando as sinergias e gerando ganhos de eficiência, ainda é um preço salgado para o caixa de uma companhia com níveis já preocupantes de alavancagem”, argumenta Bernardes.
Operação já era especulada
A Lojas Americanas estava impedida de adquirir ações da controlada que superassem 10% dos papéis em circulação sem anuência do conselho de administração. O acordo, assinado durante a união das operações de Submarino e Americanas em 2006, expirou.
“Caso se comprove, a decisão foi uma surpresa para o mercado”, ressalta o analista, lembrando que a companhia já havia sido questionada sobre essa possibilidade em teleconferência de resultados no ano passado, mas negou esse interesse à época. O argumento sustentado foi que a intenção da controladora era investir em seu braço digital e fazê-la mais forte frente à concorrência.
A Lojas Americanas divulgou comunicado na tarde de hoje negando as informações anunciadas na imprensa: “Não há qualquer estudo em andamento ou decisão relativamente a operação noticiada”, diz o documento. Em seguida, a empresa afirma que, no entanto, “está sempre analisando a possibilidade de aumentar a eficiência de sua estrutura empresarial”.
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