Mercados

B2W perde quase 80% em um ano na bolsa e analistas ainda veem dificuldades

Emissão de debêntures eleva preocupação sobre a necessidade de capital da empresa

EXAME.com (EXAME.com)

EXAME.com (EXAME.com)

DR

Da Redação

Publicado em 6 de junho de 2012 às 14h21.

São Paulo – As ações da B2W (BTOW3) continuam em queda livre na BM&FBovespa. O anúncio de uma emissão de debêntures no valor de 300 milhões de reais foi a notícia mais recente a pesar sobre os papéis da varejista online dona dos sites Americanas.com, Submarino e Shoptime. A queda na terça-feira chegou a 8,35%.

“A companhia vem enfrentando problemas operacionais a algum tempo, de modo que a emissão com taxas consideradas elevadas reforça o temor do mercado em relação a sua saúde financeira, o que repercutiu negativamente nos papéis da empresa no pregão de ontem”, explica Daniella Maia, analista da Ativa Corretora, em relatório.

O Conselho de Administração da empresa aprovou ontem a emissão dos papéis não conversíveis em ações e disse que os recursos serão destinados para o reforço do capital de giro da companhia. No ano passado, a B2W já tinha realizado um aumento de capital de aproximadamente 1 bilhão de reais com o aumento da participação da controladora, a Lojas Americanas.

O custo das debêntures será de 120% do CDI (Certificado de Depósito Interfinanceiro) com o prazo de cinco anos. O primeiro pagamento só será realizado três anos após a data de emissão. A dívida líquida em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) irá passar de 1,4 vez no final do primeiro trimestre para 1,9 vez.

A única notícia que animou recentemente os investidores foi a circulação de rumores que ventilavam a possibilidade de a Lojas Americanas comprar a totalidade das ações em circulação no mercado, o que não ocorreu. Os papéis chegaram a subir 16,3% com base na matéria publicada pelo jornal Valor Econômico em meados de maio.

Análises

Segundo dados da Bloomberg, 9 de 22 analistas recomendam vender os papéis e nenhum indica a compra. Números da Reuters indicam que a média das estimativas de 16 analistas para o preço-alvo para as ações é 13,68 reais. Ainda de acordo com a Bloomberg, o prejuízo de 76,6 milhões de dólares em 12 meses até março é o maior entre 20 empresas do setor no mundo. Em um ano, a baixa da B2W na bolsa se aproxima de 80%.


“Além da maior competição, a companhia sofreu com problemas nas entregas, que causaram atrasos, o que vem sendo solucionado aos poucos: ela vem investindo bastante a fim de melhorar os serviços prestados, visando diminuir o prazo de entregas (que hoje está mais alto por ainda estar em fase de ajustes das operações, em uma medida mais cautelosa)”, explica Cauê Pinheiro, da SLW Corretora.

O analista avalia, contudo, que a emissão de debêntures deve dar maior fôlego financeiro à B2W, visto que o primeiro pagamento deve ocorrer a partir do final do terceiro ano após a data da emissão. “No entanto, consideramos que o cenário ainda é desafiador para a B2W em função da forte concorrência, assim manteremos nossa recomendação de venda para suas ações”, explica. O preço justo estimado por ele é de 9,94 reais por ação.

Lojas Americanas vai bem

A controladora da B2W vive outro momento em suas operações. As ações preferenciais (LAME4) têm uma leve baixa de 4,4% em um ano, enquanto o Ibovespa apresenta uma baixa de 14,8% no período. “O varejo físico (Lojas de Rua) da companhia tem-se destacado nestes últimos cinco anos, já que a varejista tem apresentado forte crescimento, seja no número de lojas (384 novas lojas) como no desempenho das vendas nas mesmas lojas (em média 11,4%)”, ressalta Leonardo Zanfelicio, da Concórdia Corretora.

Em relatório, o analista revisou a projeção para a empresa e elevou o preço-alvo para as ações de 13,74 reais para 15,97 reais por ação. A recomendação passou de manter para comprar. As controladas FAI (financeira do grupo em parceria com o banco Itaú) e a B2W devem ter uma melhora gradual no período analisado (até 2017). Zanfelicio salienta, contudo, que para a B2W o processo será “mais lento e oneroso”.

Acompanhe tudo sobre:AmericanasAnálises fundamentalistasB2WB3bolsas-de-valoresComércioEmpresasEmpresas brasileirasEmpresas de internetMercado financeiroVarejo

Mais de Mercados

Externo é o que faz preço no Brasil, e estrangeiro está mais otimista com o país, diz Esteves

Personalizar bebida no Starbucks vai custar mais com nova política de preços

Uber aumentou lucro ao reduzir ganhos de motoristas, diz estudo de Columbia

Investir na SpaceX com pouco dinheiro? Startup dos EUA quer tornar isso possível