David Python, novo CEO da BU Basic ao lado de Alexandre Birman, CEO da Azzas (Divulgação)
Editor de Invest
Publicado em 10 de novembro de 2025 às 20h00.
Última atualização em 10 de novembro de 2025 às 20h00.
A Azzas 2154 registrou lucro líquido recorrente de R$ 201,3 milhões no terceiro trimestre de 2025. A cifra é 22,9% maior que a registrada no mesmo trimestre de 2024, de R$ 163,8 milhões. A base de comparação é pro forma, já que Arezzo e Soma operaram como empresas distintas em parte desse período, até se juntarem e formarem o conglomerado de moda.
Seguindo esse parâmetro, o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ficou praticamente estável, em R$ 476,7 milhões. Já a receita líquida sofreu uma queda de 2,3% na mesma base de comparação, para R$ 2,97 bilhões.
A margem líquida, percentual do lucro em relação à receita total, ficou em 6,8% no quarto trimestre de 2025, com alta de 1,4 ponto percentual na comparação pro forma.
As unidades de negócios da Azzas tiveram desempenho mistos no terceiro trimestre de 2025. O principal destaque de crescimento veio das marcas de vestuário feminino (Fashion Women), com alta de 18,2% na receita bruta, para R$ 1,465 bilhão. O segmento compreende marcas como Farm Rio, Animale e NV.
Em vendas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), os destaques foram NV e Animale, com crescimento de 25% e 12%, respectivamente.
Vestuário masculina (Fashion Men), representado por nomes como Reserva, Oficina e Foxton cresceu 5,4%, para R$ 491,4 milhões.
A categoria de bolsas e sapatos (Shoes and Bags), com marcas como Arezzo, Schutz, Alexandre Birman e Vans registrou uma queda de 5,6% na receita bruta, para R$ 1,12 bilhão.
Por fim, a categoria Basic, que consolida as operações da Hering, registrou um recuo de 4,2% no faturamento, para R$ 638,8 milhões.
Coincidentemente, as áreas que apresentaram retração de receita são as mesmas que passaram por mudanças recentes de gestão. Em agosto, a divisão Shoes & Bags passou a ser comandada por Rafael Sachete, que deixou o cargo de CFO e RI para assumir a posição. No mês seguinte, foi anunciada a saída de Thiago Hering do cargo de CEO da unidade Basic.
Em entrevista à EXAME, Alexandre Birman, CEO da Azzas 2154, diz que essas trocas foram "menos profundas" do que a as mudanças realizadas no ano passado, quando os fundadores da Reserva deixaram a unidade de vestuário masculino e foram substituídos por um executivo do mercado, Ruy Kameayama.
"A vertical de vestuário masculino trouxe um resultado muito em linha com o que tínhamos definido um ano atrás: melhor qualidade da venda, com melhor margem bruta e diminuição de despesas", disse Birman.
Para a divisão de bolsas e calçados, o executivo espera uma melhora já no quarto trimestre deste ano. Um detrator da unidade de negócios no período, aponta Birman, foi uma desaceleração de mais de 16% na receita da Vans, marca que passa por um ciclo menos favorável a nível global.
"Aqui no Brasil, o decréscimo foi um pouco maior porque vínhamos de uma base muito alta de crescimento com a marca nos últimos cinco anos", explicou. Fora isso, diz o executivo, o modelo de negócio de Shoes and Bags é forte e estuturado.
Em Basics, a transformação é "um pouco mais profunda", pois envolve uma mudança de cultura. A gestão da unidade de negócios vai ser centralizada em Blumenau (SC) e ficará sob o comando de David Python, conforme antecipou o INSIGHT em setembro. O executivo já tinha passado pela Arezzo e é co-fundador da marca de sneakers Cariuma, que está no processo final de aquisição pela Azzas..
"Vamos ter uma mudança no mix de produtos. A Hering estava num caminho de moda superficial e essa não vai ser uma transformação da noite para o dia", diz Birman.
Python diz que sob sua gestão de negócio, a ordem vai ser "vender para depois produzir" — quando era justamente o contrário que vinha sendo colocado em prática.
"Antes era feita uma grande aposta, que depois ia ter que ser alocada ou puxado pelos franqueados multimarca", diz o novo CEO de Basics. Com a mudança, a unidade consegue ser mais "assertiva no sell out" e evita sobras, o que ajuda a melhorar margens brutas.
Com o centro de gravidade da unidade migrando para o Vale do Itajaí, a montagem de coleções e ajustes de mix não vão mais precisar passar por São Paulo. "São mudanças que devem ser implementadas até o final do primeiro semestre de 2026 e vão beneficiar a coleção do segundo semestre", diz Python.
No terceiro trimestre, a Azzas descontinuou cinco marcas e revendeu a Baw Clothing aos seus fundadores. Isso também refletiu na receita do período, já que um ano antes, essas marcas tinham faturado mais de R$ 114 milhões.
Birman ressalta que é natural as marcas terem performances distintas umas das outras. Mas afirma que a Azzas está de olho no ROIC — indicador de rentabilidade que a companhia tem como parâmetro para avaliar o desempenho dos nomes.
"Se estiver abaixo da média, vamos efetuar grandes ações para melhorar o ROIC das marcas que estiverem abaixo da média. Acredito que essa melhora pode ser alcançada para que elas cheguem a um melhor retorno", diz o executivo.
O resultado financeiro, que também entra na conta do lucro líquido do companhia, ficou negativo em R$ 208,7 milhões, com uma piora de mais de 30% em relação a um ano antes, na comparação pro-forma.
O custo de mercadorias vendidas foi de R$ 1,346 bilhão no terceiro trimestre, com recuo anual de 2,9% pelo mesmo parâmetro.
A dívida líquida ao final do setembro estava em R$ 2,29 bilhões. A alavancagem, com base na relação dívida líquida e Ebitda, ficou em 1,37 vez, ante 1,32 vez no segundo trimestre deste ano.