O tráfego de pizzas no Papa Johns mais próximo do Pentágono estava "alto" uma hora antes dos Estados Unidos lançarem ataques contra instalações nucleares iranianas na noite do último sábado, 21. (Getty Images)
Repórter de mercados
Publicado em 23 de junho de 2025 às 15h18.
Última atualização em 23 de junho de 2025 às 15h26.
Os planos de Israel para atacar o Irã eram ultrassecretos no Pentágono. Mas o monitor de entregas de pizza em Washington já previa que algo estava acontecendo antes mesmo das primeiras bombas caírem.
Cerca de uma hora antes da TV estatal iraniana relatar as primeiras fortes explosões em Teerã, os pedidos de pizza no Pentágono dispararam, de acordo com Pentagon Pizza Report (Relatório sobre Pizza no Pentágono), uma conta que viralizou na plataforma X, que analisa a demanda por pizza na região do departamento de defesa dos Estados Unidos por meio de ferramentas de inteligência de código aberto (OSINT). Isso inclui o Google Maps, que mostra a atividade dos restaurantes em tempo real, e observações de mídias sociais.
A conta alegou ter previsto com precisão os ataques militares iniciais de Israel contra o Irã em 12 de junho, com base na movimentação do Pentágono, e publicou que o tráfego de pizzas no Papa Johns mais próximo estava "alto" uma hora antes dos Estados Unidos lançarem ataques contra instalações nucleares iranianas na noite do último sábado, 21.
Ao mesmo tempo, o Freddie’s Beach Bar, um bar conhecido da região e que já funcionou como outro “sinalizador de crise” (por ficar vazio em momentos tensos), reportava atividade anormalmente baixa para uma noite de sábado.
"Indicador clássico de possível hora extra no Pentágono", relata o Petagon Pizza Report momentos antes dos Estados Unidos anunciarem o ataque contra o Irã, no último sábado, 21 (Reprodução/Redes sociais)
Quando militares enfrentam uma emergência nacional, trabalham em turnos mais longos e não podem deixar seus postos. Precisam de comida rápida e que seja reconfortante, ricos em calorias — e pizza é a solução.
Apesar do tom bem-humorado, o monitoramento tem origens sérias. Durante a Guerra Fria, agentes da KGB rastreavam o volume de entregas de pizza em Washington como forma de identificar movimentações incomuns no alto escalão do governo americano. O termo criado foi “Pizzint” — uma abreviação de pizza intelligence (inteligência sobre pizza).
Nos anos 1990, o conceito veio à tona quando Frank Meeks, franqueado da Domino’s, notou picos de pedidos da CIA pouco antes da invasão do Kuwait pelo Iraque, em 1990. Ele relatou comportamento semelhante às vésperas do processo de impeachment de Bill Clinton, em 1998.
Um dos casos recentes ocorreu em 13 de abril do ano passado, quando o Irã lançou um ataque massivo com drones e mísseis contra Israel. Naquela mesma noite, capturas de tela de plataformas de entrega mostraram pizzarias ao redor do Pentágono, da Casa Branca e do Departamento de Defesa marcadas como "mais movimentadas do que o normal".
Várias filiais da Papa John's e da Domino's relataram aumento de pedidos. A correlação gerou memes virais e renovou o interesse na teoria.