Itaú: pelos cálculos do analista, o Itaú seria um dos mais impactados (Gustavo Gomes/Bloomberg)
Karla Mamona
Publicado em 15 de junho de 2019 às 08h36.
Última atualização em 15 de junho de 2019 às 08h36.
São Paulo - A proposta de aumentar a alíquota da Contribuição Social Sobre Lucro Líquido (CSLL) dos bancos dos atuais 15% para 20% impactou nas ações dos bancos. Os papéis dos quatro maiores bancos do País (Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) operavam no campo negativo na última sexta-feira.
A proposta foi anunciada pelo relator da reforma da Previdência, deputado Samuel Moreira (PSDB-SP) na véspera. Segundo o relator, o aumento de 15% para 20% na alíquota teria um potencial arrecadatório de aproximadamente R$ 50 bilhões nos próximos 10 anos.
Para a XP Investimentos, a taxa mais alta causará um impacto negativo para os bancos, mas será limitado. André Martins, analista da XP que assinou o relatório divulgado, destacou que esta não seria uma situação totalmente nova para bancos e seguradoras. Isso porque a taxa de 20% já vigorou entre 2016 e 2018.
Ele acrescenta ainda que a medida teria um impacto entre 5% e 8% nos preços-alvo das ações, se a alíquota persistir por mais de 3 anos. Pelos cálculos do analista, o Itaú e o Santander seriam os mais prejudicados, com redução de 7,5% e 8% no preço-alvo das ações, respectivamente. Conforme a tabela abaixo:
Empresa | Crédito Tributário | Impacto positivo máximo no LL | % do LL 2020 | "Break even" estimado | Impacto no preço-alvo |
---|---|---|---|---|---|
Banco do Brasil | 36.489 | 4.561 | 23,50% | 2,52 anos | -6,60% |
Bradesco | 48.157 | 6.020 | 21% | 2.45 anos | -6% |
Itaú | 33.679 | 4.210 | 13,20% | 1,67 anos | -7,50% |
Santander | 22.470 | 2.809 | 17,80% | 2,25 anos | -8% |
No cálculo feito, o analista assumiu que a alta de 5% na alíquota impactaria todo o estoque de crédito tributário e seria reconhecida em 2020, acreditando que a reforma da Previdência será votada no segundo semestre e considerando que há outros rituais a serem cumpridos até que novas taxas sejam aplicáveis. Além disso, o “break even” na tabela é o intervalo de tempo aproximado em que o benefício fiscal imediato seria 100% consumido pela alíquota mais alta e, portanto, representa quando ela passaria a prejudicar os retornos em termos de valor presente.
O relatório destaca ainda que há muitas discussões e decisões a serem tomadas em torno da reforma da Previdência e a XP Investimentos ainda não assumiu essa mudança em nossos modelos oficiais. "Embora fosse prejudicar o potencial de crescimento dos bancos, ainda vemos o setor como uma oportunidade de investimento atrativa."