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Ativos começam a baratear no Brasil, diz CEO do JPMorgan

Com a perda de quase um terço do valor do real e as ações em baixa de 15%, alguns investidores estão aproveitando oportunidades


	Bandeira: a queda nos preços dos ativos acontece em meio à expectativa de que a economia brasileira vai sofrer neste ano a maior contração em 25 anos
 (Yves Herman/Reuters)

Bandeira: a queda nos preços dos ativos acontece em meio à expectativa de que a economia brasileira vai sofrer neste ano a maior contração em 25 anos (Yves Herman/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 27 de março de 2015 às 14h09.

São Paulo - Com a perda de quase um terço do valor do real desde 1º de setembro e as ações em baixa de 15 por cento no Brasil, alguns investidores estão aproveitando oportunidades, segundo o JPMorgan Chase Co.

“Vejo as pessoas começando a procurar barganhas, comprando devagar no mercado de ações”, disse José Berenguer, CEO da firma no Brasil, em entrevista em São Paulo neste mês. “Mas eles não estão com pressa”.

A queda nos preços dos ativos acontece em meio à expectativa de que a maior economia da América Latina vai sofrer neste ano a maior contração em 25 anos, com uma queda dos indicadores de confiança empresarial e do consumidor.

Ao mesmo tempo, o governo está tendo dificuldades para fazer o ajuste fiscal e controlar a inflação em uma tentativa de salvar o status de grau de investimento do país.

O real caiu mais do que qualquer outra moeda importante desde o início de setembro, enquanto o declínio em dólares do Ibovespa, o índice local de referência das ações, foi de 40 por cento, impulsionado pela piora da perspectiva econômica e também pelas consequências do maior escândalo de corrupção corporativa da história do país.

Esse caso, envolvendo a Petrobras, a petroleira controlada pelo Estado, impediu que a empresa divulgasse resultados financeiros auditados desde o segundo trimestre de 2014 e deixou suas fornecedoras presas a uma crise de crédito.

“Isso é doloroso e traz muita volatilidade aos mercados, mas meus filhos herdarão um país melhor”, disse Berenguer, explicando que ele espera que a investigação, conhecida como Operação Lava Jato, evitará a corrupção no futuro.

Cobertura de risco, fusões e aquisições

Existem alguns pontos de luz para os bancos. O JPMorgan, que tem sede em Nova York, está vendo uma demanda maior por derivativos de cobertura de risco de empresas que tentam cobrir passivos em dólares e se proteger contra taxas de juros mais elevadas nos EUA, disse Berenguer.

Os negócios de crédito, fusões e aquisições devem ir bem neste ano e compensar as receitas menores com assessoria na emissão de dívidas e de ação, disse ele.

“Outros bancos estão reduzindo negócios aqui no Brasil, mas tenha em mente que os mercados emergentes representarão 50 por cento do PIB mundial nos próximos 15 a 20 anos e o Brasil é um mercado emergente importante”, disse Berenguer.

“Por isso, nós vamos permanecer e capturar participação de mercado dos nossos concorrentes”.

Alguns rivais do JPMorgan também estão enxergando oportunidades. A Península Investimentos SA, firma brasileira de gestão de ativos apoiada pelo Credit Suisse Group AG, planeja criar um fundo de até R$ 500 milhões (US$ 157 milhões) para investir em créditos corporativos inadimplentes, disse o CEO Antonio Quintella em entrevista neste mês.

O JPMorgan conta com cerca de R$ 33,5 bilhões em ativos totais e R$ 3,7 bilhões em capital no Brasil, segundo o site do Banco Central.

O banco americano possui cerca de 1.100 funcionários no país, inclusive em sua firma local de private-equity e gestão de ativos, a Gávea Investimentos Ltda, que tem aproximadamente US$ 17 bilhões em ativos sob gestão.

“Será um ano difícil, sem dúvida”, disse Berenguer. “Mas daqui a um ano olharemos para trás e diremos: tivemos uma grande oportunidade”.

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