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Ata do Fed pode sinalizar apoio para juros em nível mais alto

Autoridades do banco central americano estão preocupadas com inflação e investidores temem tom mais duro

Inflação: investidores temem que alta dos preços leve Fed a aumentar os juros (o: Khanchit Khirisutchalual/Getty Images)

Inflação: investidores temem que alta dos preços leve Fed a aumentar os juros (o: Khanchit Khirisutchalual/Getty Images)

Bloomberg
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Agência de notícias

Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 14h09.

Investidores operam com cautela nesta quarta-feira, 22, no aguardo da divulgação da ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, banco central americano). O documento sobre a reunião realizada entre 31 de janeiro e 1º de fevereiro será divulgada às 16h. Naquele encontro, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) elevou a taxa básica de juros em 0,25 ponto percentual, em decisão unânime.

Em dezembro, o comitê havia subido os juros em 0,5 ponto percentual após quatro altas consecutivas de 0,75 ponto. A medida colocou a taxa básica do Fed em uma meta de 4,5% a 4,75%.

Na terça-feira, bolsas e títulos dos EUA afundaram em meio a expectativas de que o Fed vai aumentar os juros acima do estimado por investidores semanas atrás. Na semana passada, várias autoridades do Fed destacaram suas preocupações com a inflação.

O comunicado do Fed em 1º de fevereiro destacou que a “extensão dos aumentos futuros” nas taxas dependerá de vários fatores, incluindo o aperto cumulativo da política monetária. Para observadores do Fed, essa expressão indica que o banco central pode manter altas de 0,25 ponto à medida que se aproxima do final de sua campanha de aperto.

Mas duas autoridades do Fed vistas com “hawkish”, ou seja, que defendem subir os juros, a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, e o presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disseram na semana passada que viam argumentos para aplicar outra alta de 0,5 ponto na reunião e que elevações desse tamanho ainda deveriam estar na mesa para as próximas decisões.

A leitura da reunião pode oferecer pistas se essas duas autoridades, que não votam nas decisões de política monetária este ano, estavam sozinhas em sua teoria ou se outras pessoas compartilhavam de sua opinião. Dito isso, o presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, recuou contra a possibilidade de retomar aumentos maiores. Na sexta-feira, ele afirmou que altas de 0,25 ponto dão mais flexibilidade às autoridades.

O Fed pode estabelecer um padrão alto para retornar aos aumentos de 0,5 ponto. Mas, se mais autoridades apoiarem manter a opção por uma alta maior, isso pode indicar que o Fed pode estar aberto a elevar os juros para um patamar mais alto do que o esperado anteriormente para combater a forte inflação, disse Omair Sharif, fundador da Inflation Insights.

“Isso pelo menos nos dá uma noção de quão rapidamente o Fed pode mudar, se necessário”, disse Sharif. “Se você acha que 50 (pontos-base) estão obviamente sobre a mesa, isso provavelmente sugere que a taxa terminal também será maior.”

Projeções divulgadas na reunião de dezembro do Fed mostraram que as autoridades viam as taxas ligeiramente acima de 5% este ano, onde permaneceriam até reduzir a inflação para a meta de 2% do banco central. Investidores anteriormente duvidavam dessa mensagem e precificavam cortes nas taxas de juros para o segundo semestre.

Mas, na esteira de dados econômicos mais fortes e mensagens agressivas de algumas autoridades monetárias, os mercados agora veem o Fed ampliando a campanha de aperto monetário por mais tempo do que o esperado. Os aumentos de 0,25 ponto estão totalmente precificados para março e maio, e as chances de outro movimento desse tipo em junho são altas. Investidores projetam as taxas em 5,37% este ano, de acordo com os contratos financeiros futuros.

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