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Ata do Copom reforça preocupação do BC sobre dinâmica fiscal do próximo governo

Ata ressalta possíveis efeitos inflacionários de medidas expansionistas e diz haver "maior sensibilidade" do mercado aos fundamentos fiscais

Roberto Campos Neto: presidente do BC (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

Roberto Campos Neto: presidente do BC (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 09h01.

Última atualização em 13 de dezembro de 2022 às 09h15.

A ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central divulgada nesta terça-feira, 13, voltou a ressaltar a "elevada incerteza sobre o futuro do arcabouço fiscal do país e estímulos fiscais adicionais". As preocupações fazem referência, ainda que indiretamente, à PEC da Transição, que propõe o aumento de gastos sem contrapartidas, e a esperada subsituição do teto de gastos por uma nova âncora fiscal. 

A dinâmica da política fiscal, segundo a ata do Copom, "pode afetar a inflação não só por meio dos efeitos diretos na demanda agregada, como também via preços de ativos, grau de incerteza na economia, expectativas de inflação e taxa de juros neutra".

O Banco Central também afirmou que os efeitos da política monetária devem perder força em caso de "reversão de reformas estruturais que levem a uma alocação menos eficiente de recursos". As declarações contidas na ata, vale destacar, foram feitas diante de sinalizações de que o novo governo poderia rever reformas feitas nos últimos anos, como a previdenciária e trabalhista.

A ata ainda pontuou que, sem a "existência de capacidade ociosa na economia e confiança sobre a sustentabilidade da dívida", as políticas expansionistas podem não ter o efeito desejado sobre a atividade econômica. "Em ambiente de hiato do produto reduzido, o impacto de estímulos fiscais significativos sobre a trajetória de inflação tende a se sobrepor aos impactos almejados sobre a atividade econômica."

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Reino Unido no retrovisor

O Copom também alertou sobre os efeitos de possíveis aventuras fiscais, traçando um paralelo com o ambiente internacional. Segundo a ata, há "uma maior sensibilidade dos ativos financeiros aos fundamentos fiscais, inclusive em países avançados". O ambiente, portanto, "requer maior cautela na condução das políticas econômicas também por parte de países emergentes", disse a ata.

A referência, ainda que indiretamente, remonta ao episódio do Reino Unido, em que a libra esterlina bateu mínima histórica frente ao dólar após o anúncio de medidas expansionistas pelo então novo governo da primeira minista Liz Truss.

Momento é de "serenidade"

Segundo o Copom, "há ainda muita incerteza sobre o cenário fiscal" e o momento "requer serenidade na avaliação de riscos". Na reunião da última semana, o Copom manteve a taxa Selic estável pela quarta decisão consecutiva. 

"O Comitê acompanhará com especial atenção os desenvolvimentos futuros da política fiscal e, em particular, seus efeitos nos preços de ativos e expectativas de inflação, com potenciais impactos sobre a dinâmica da inflação prospectiva", afirmou.

Inflação ainda desafiadora

Do lado da inflação, o Copom classificou o cenário como ainda "desafiador". O comitê disse esperar que a recente queda de commodities reduza as pressões globais sobre bens, mas a inflação de serviços "deve demorar a se dissipar"

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