Campos Neto: presidente do Banco Central (Andre Coelho/Bloomberg/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 7 de fevereiro de 2023 às 07h43.
Última atualização em 7 de fevereiro de 2023 às 08h14.
Bolsas internacionais iniciaram esta terça-feira, 7, em leve alta à espera do encontro do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, com David Rubenstein, chairman do Clube Econômico de Washington e apresentador da Bloomberg. O evento terá transmissão ao vivo (por esse link) e está previsto para às 14h20.
A expectativa do mercado é de que Powell dê pistas sobre o futuro da política monetária americana. Em sua última coletiva, após decisão de juros da semana passada, Powell afirmou pela primeira vez que o processo de desinflação começou nos Estados Unidos, o que soou como sinal de que o ciclo de alta de juros estaria (muito próximo).
No entanto, dados do mercado de trabalho divulgados no fim da última semana mostraram que o desafio para o controle da inflação americana pode ser ainda maior que o mercado (e talvez o próprio Fed) imaginava. A taxa de desemprego caiu para de 3,5% parra 3,4%, o menor patamar desde 1969, e o payroll mostrou quase o triplo da criação de empregos urbanos prevista para janeiro.
O dólar e os juros futuros dos Estados Unidos subiram nos últimos pregões e as bolsas caíram, com investidores reduzindo as apostas de um ciclo de queda de juros ainda neste ano. Nesta terça, o movimento é de uma branda recuperação.
Desempenho dos indicadores às 7h50 (de Brasília):
O Banco Central brasileiro também segue no centro das atenções nesta terça. Ainda no início do dia, às 10h (de Brasília), o BC irá divulgar sua ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
No comunicado, vale lembrar, a autarquia endureceu o tom sobre os efeitos de riscos fiscais e políticas expansionistas sobre a inflação e -- consequentemente -- taxa de juros. As sinalizações, na última semana, levaram investidores a precificarem juros mais altos por mais altos. Mais detalhes sobre a visão do Banco Central devem ser revelados na ata desta manhã.
A ata de hoje será divulgada em meio às trocas de farpas entre o presidente do BC, Roberto Campos Neto, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula tem se mostrado incomodado com as taxas de juros e o tom usado pelo BC para justificar a manutenção do juro elevado e, com isso, tem atacado deliberadamente a independência do Banco Central.
Em posse de Aloizio Mercadante no BNDES realizada na véspera, Lula voltou a atacar a independência do Banco Central. "Não existe nenhuma justificativa para a taxa de juros a 13,5%, é só ler a carta do Copom para ver a vergonha que é esse aumento de juros e a explicação que deram para a sociedade brasileira", afirmou Lula, que errou o o valor da taxa de juros, atualmente em 13,75%.
Nesta terça, Campos Neto irá participar de uma palestra aberta à imprensa 2023 Milken South Florida Dialogues, em Miami, e poderá rebater as declarações do presidente. Na última oportunidade, Campos Neto chegou a afirmar que os mercados estariam muito mais voláteis se a independência do BC não tivesse em lei.
Apesar do anseio de Lula por juros mais baixos, na prática, seus ataques ao BC tem feito o mercado precificar uim ambiente de maior risco e taxas de juros e inflação mais altas para o futuro.
Do lado corporativo, a agenda de balanços do quarto trimestre começa a esquentar. Nesta terça, o resultado mais aguardado é o do Itaú, que será divulgado após o encerramento do pregão. A expectativa é de que o maior banco do brasil apresente R$ 8,26 bilhões de lucro líquido, 15% acima do apresentado no mesmo período do ano passado. BB Seguridade e BrasilAgro também divulgam seus respectivos balanços nesta terça.