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Assinatura do acordo de Mariana, Vale e manutenção dos juros na China: o que move o mercado

Entre a agenda de indicadores, o mercado acompanha, às 11h, o índice de sentimento do consumidor final de outubro da Universidade de Michigan (EUA)

Radar: investidores aguardam com grande expectativa assinatura do acordo de Mariana (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Radar: investidores aguardam com grande expectativa assinatura do acordo de Mariana (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 08h56.

Última atualização em 25 de outubro de 2024 às 08h59.

Os mercados internacionais operam mistos na manhã desta sexta-feira, 25. Na Europa, as bolsas operam em queda em meio a lucros fracos de empresas do setor automobilístico, como Mercedes-Benz e Valeo, além da Electrolux. Na Ásia, a sessão terminou majoritariamente em alta com exceção de Tóquio, onde investidores estão mais cautelosos em razão das eleições parlamentares no domingo. Nos Estados Unidos, os índices futuros sobem enquanto investidores aguardam indicadores e mais balanços corporativos.

Repercussão do balanço da Vale

O “efeito China”, já previsto pelo mercado, impactou os resultados da Vale (VALE3) no terceiro trimestre deste ano. A desaceleração da segunda maior economia do mundo e a persistente crise no setor imobiliário fez os preços do minério de ferro recuarem fortemente nos últimos meses, rompendo, inclusive, a barreira dos US$ 100. O movimento impactou a mineradora diretamente, que reportou queda em seu lucro, receita e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

O preço realizado pela mineradora foi de US$ 90,6 por tonelada, recuo de 13,8% ante o mesmo período de 2023 e de 7,7% na comparação trimestral. Assim, apesar do volume de produção recorde - o maior desde o quarto trimestre de 2018 -, a Vale viu sua receita recuar em 10% na comparação anual, alcançando US$ 9,553 bilhões no terceiro trimestre, o que refletiu em seu lucro líquido, que caiu em 15%, a US$ 2,412 bilhões, enquanto o Ebitda perdeu 18%, a US$ 3,615 bilhões.

Entretanto, apesar dos recuos, os resultados vieram acima das expectativas. O consenso Bloomberg estimava um lucro de US$ 1,8 bilhão. Já o Ebitda ficou dentro das expectativas dos analistas, que esperavam US$ 3,6 bilhões, enquanto a receita ficou ligeiramente abaixo da projeção em US$ 9,732 bilhões.

Além disso, o recuo no preço realizado da Vale, de US$ 7,6 por tonelada ante o trimestre anterior, foi menor que a retração no preço de referência, que encolheu US$ 12 no período. Isso porque a mineradora elevou a qualidade do portfólio, reduzindo os produtos de alta sílica, e em virtude de efeito positivo dos preços provisórios.

Assinatura do acordo de Mariana

Nesta sexta-feira, também está prevista entre as 9h30 e 10h a assinatura do acordo de compensação pelo rompimento da barragem da Samarco em Mariana, em novembro de 2015. Participam da cerimônia no Palácio do Planalto as mineradoras Vale e BHP Billiton, responsáveis pela Samarco, ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ministros. Os governos dos estados de Minas Gerais, do Espírito Santo e a população atingida também terão representantes.

O valor total do acordo é de R$ 170 bilhões e envolve três grandes frentes de compromisso financeiro:

  • R$ 38 bilhões já investidos pela Vale em medidas compensatórias, voltadas à reparação dos danos causados;
  • R$ 100 bilhões a serem pagos em parcelas ao longo de 20 anos, direcionados ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além dos 49 municípios atingidos;
  • R$ 32 bilhões em obrigações que serão de responsabilidade da Samarco, incluindo indenizações individuais, reassentamento de famílias e iniciativas de recuperação ambiental.

Entre os últimos ajustes, nesta quinta-feira, 24, o valor das indenizações individuais foi revisto para cima. Uma reunião de última hora entre Lula e seus ministros resultou no aumento de R$ 30 mil para R$ 35 mil. Para pescadores e agricultores, a indenização será de R$ 95 mil.

Entre os R$ 100 bilhões que irão para os cofres públicos, o governo informou que os recursos serão aplicados desde projetos de saneamento e rodovias, até a constituição do Fundo Popular da Bacia do Rio Doce.

O mercado recebe de maneira positiva o acordo. Às 8h50, os ADRs da Vale subiam mais de 1%. Segundo o banco Safra, o mercado esperava que a Vale pudesse ter que aumentar ainda mais suas provisões para cobrir os custos. Com a proximidade da assinatura do acordo, a necessidade de novas provisões pode ser menor do que o esperado.

“Se nenhuma provisão for adicionada ao acordo quando ele for fechado, aumentaríamos nossa suposição de valor justo das ações, pois consideramos em nossas estimativas US$ 2,3 bilhões (cerca de 5% do valor de mercado da Vale) em provisões adicionais”, apontou o banco em relatório.

Manutenção de juros na China

Após uma série de cortes nas mais diversas taxas de financiamento, o Banco do Povo da China (PBoC, conforme sigla em inglês) anunciou a manutenção da taxa da Linha de Empréstimo de Médio Prazo (MLF) de 1 ano em 2% ao ano.

O movimento já era amplamente esperado pelo mercado, justamente devido ao grande pacote de estímulos anunciado no último mês. A China busca alcançar a meta de crescimento de 5% do Produto Interno Bruto (PIB) ao estimular o consumo da população através de estímulos fiscais e financeiros. Isso porque o país enfrenta uma crise imobiliária e uma desaceleração econômica neste ano.

Entretanto, o governo anunciou (mais uma) uma injeção 700 bilhões de yuans (US$ 98,29 bilhões) em liquidez. A decisão foi comunicada nesta sexta-feira, 25. Além disso, o PBoC também acrescentou 292,6 bilhões de yuans (US$ 41,08 bilhões) em liquidez via operações de recompra reversa de sete dias, mantendo a taxa de juros inalterada em 1,5% ao ano.

Agenda

Sexta-feira, 25 de outubro

  • Pré-mercado: Balanços/Brasil [Usiminas]
  • 5h: Fipe/Brasil - IPC da 3ª quadrissemana de outubro
  • 5h: FGV/Brasil - Sondagem do consumidor de outubro
  • 5h: Ifo/Alemanha - Índice de sentimento das empresas de outubro
  • 7h30: BC/Rússia - Decisão de política monetária
  • 8h: FGV/Brasil - Confiança do consumidor de outubro
  • 9h30: Deptº do Comércio/EUA - Encomendas de bens duráveis de setembro
  • 9h30: Evento/Brasil - Lula comanda reunião de assinatura do acordo de Mariana
  • 11h: Universidade de Michigan/EUA - Índice de sentimento do consumidor final de outubro
  • 11h: Universidade de Michigan/EUA - Expectativas de inflação de outubro
  • 11h30: Tesouro/Brasil - Oferta de LTNs para 2025, 2026, 2028, 2030 e NTN-Fs para 2031 e 2035
  • 12h: Evento/EUA - Discurso de Susan Collins (Fed/Boston)
  • 14h: Baker Hughes/EUA - Contagem total de sondas de petróleo em operação (Semanal)
  • 18h: Evento/Brasil - Campos Neto participa de reunião com investidores organizada pelo Itaú BBA
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