Com exceção da Tesla, cinco principais empresas do grupo — Meta, Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet — somaram mais de US$ 70 bilhões em investimentos em IA durante o segundo trimestre (AFP)
Repórter de mercados
Publicado em 7 de agosto de 2025 às 14h11.
Última atualização em 7 de agosto de 2025 às 16h13.
Investimento pesado da Meta (META) e Alphabet (GOGL34) em inteligência artificial – na contramão da Apple (AAPL)– Microsoft (MSFT34) superando a Amazon (AMZO34) na nuvem e a decepção dos investidores com a Tesla (TSLA34).
Os balanços das gigantes tecnologia americanas no segundo trimestre parecem coroar a tese de que este ano as chamadas "Sete Magnifícas" estão mais para "Três Magníficas": com Meta, a Microsoft e a dona do Google se descolando das demais componentes no grupo original.
Esses foram alguns dos destaques dos balanços dos segundo trimestre de seis das "Sete Magníficas", que representam cerca de um terço do S&P 500.
Com exceção da Tesla, cinco principais empresas do grupo — Meta, Amazon, Apple, Microsoft e Alphabet — somaram mais de US$ 70 bilhões em investimentos durante o segundo trimestre, mantendo fluxo de caixa livre positivo, o que demonstra a eficiência operacional dessas empresas, conforme o analista da Avenue, Bruno Yamashita. Só a Meta gerou US$ 47 bilhões de fluxo de caixa livre nos últimos 12 meses, mesmo com o capex alto em IA.
Vale lembrar que a cifra pode ser ainda maior, já que a Nvidia (NVDC34), gigante de chips de IA, ainda divulgará seus resultados no dia 27 de agosto.
A Meta foi uma das empresas que mais surpreendeu positivamente o mercado neste segundo trimestre. Com 22% de crescimento na receita e 36% no lucro, a empresa superou as estimativas dos analistas. Os investimentos em inteligência artificial estão começando a dar resultados, com a companhia prevendo gastar entre US$ 66 bilhões e US$ 72 bilhões com IA em 2025.
Além disso, a companhia continua expandindo sua base de usuários, um aumento de 6,4% em relação ao trimestre do ano anterior: 3,48 bilhões de pessoas agora usam os aplicativos da Meta diariamente. Após a divulgação dos resultados, as ações subiram até 12%.
Outra companhia que animou o mercado foi a Alphabet, dona do Google, que teve um lucro líquido de US$ 28,2 bilhões, com um aumento de 19,37% em relação ao mesmo período do ano passado. Além disso, a empresa anunciou um aumento de 5% nos dividendos e a recompra de US$ 70 bilhões em ações. O capex para inteligência artificial em 2025 será de US$ 85 bilhões, um aumento de US$ 10 bilhões em relação à previsão anterior.
O balanço da Microsoft também foi positivo para os investidores: aumento de 20% na receita de nuvem, alcançando US$ 42,4 bilhões no segundo trimestre. O destaques foi o crescimento 33% do serviço de nuvem Azure, impulsionado em parte por cargas de trabalho de IA, que contribuíram com 16 pontos percentuais para o crescimento do serviço. A empresa espera que o crescimento da receita do Azure acelere para 34% no quarto trimestre.
Já o entusiasmo dos investidores da Amazon durou pouco tempo. A companhia teve 13% de crescimento em receita, alcançando US$ 168 bilhões, superando as expectativas de Wall Street. No entanto, a ação caiu 8% após o guidance para o próximo trimestre ficar abaixo das projeções dos analistas. A empresa sinalizou um lucro operacional entre US$ 15,5 bilhões e US$ 20,5 bilhões no terceiro trimestre, abaixo dos US$ 19,4 bilhões estimados.
“Isso preocupa os analistas porque a empresa está investindo bem pesado em inteligência artificial e esse investimento precisa se pagar para que os preços das ações continuem sendo justificados no mercado”, explica a estrategista-chefe da Nomad, Paula Zogbi.
Outro ponto de atenção do investidor foi o serviço de computação em nuvem, o Amazon Web Services (AWS) que cresceu, mas ficou atrás de seus concorrentes como Microsoft e Google. Enquanto as vendas da AWS registraram uma alta de 17,5%, o Azure, da Microsoft, registrou um aumento de 39% e a receita do Google Cloud cresceu 32%.
Por um lado, a Apple apresentou um forte desempenho com as vendas de iPhones, especialmente na China, onde registrou 4% de crescimento em receita. Por outro lado, a Apple enfrenta críticas pela sua posição em inteligência artificial, com analistas afirmando que a empresa precisa se reinventar nesse setor para manter o interesse dos investidores. Para acalmar o mercado, o CEO, Tim Cook, disse na teleconferência que a empresa está mirando em futuras aquisições para acelerar o investimento em inteligência artificial e o presidente anunciou uma novidade, um software de inteligência artificial já para o iPhone 16.
Em relação ao tarifaço, a companhia observou um impacto abaixo do esperado. A Apple estimava que os custos poderiam aumentar significativamente, cerca de 900 milhões, mas os custos foram de US$ 800 milhões. A empresa espera que o custo total relacionado as tarifas serão de US$ 1,1 bilhão.
Embora as tarifas americanas tenham aumentado o custo de operação da Apple, elas proporcionaram um benefício nas vendas no último trimestre — com os consumidores correndo para as lojas para comprar antes dos aumentos de preços esperados. Ainda assim, esse efeito representou apenas 1 ponto percentual do ganho de 10 pontos nas vendas, disse Cook em teleconferência.
A Tesla continua apresentando o pior desempenho entre as big techs em 2025, com a pior queda trimestral nas receitas em mais de uma década, um recuo de 12% ano contra ano, para R$ 22,49 bilhões. O consenso LSEG previa uma queda de 11% para US$ 22,74 bilhões.
E para complementar, o fortalecimento das concorrentes e a menor presença do CEO, Elon Musk, no início do ano, devido ao cargo na Casa Branca de liderança como agência de eficiência governamental (DOGE, na sigla em inglês) causaram apreensão entre os investidores.
A maré de azar não vai terminar tão cedo. A companhia relatou queda nas vendas de sua unidade de geração e armazenamento de energia e afirmou que os custos com tarifas aumentaram cerca de US$ 300 milhões com mudanças na cadeia de produção.
O próprio Musk admitiu que a perspectiva é que a performance seja negativa para os próximos trimestres na teleconferência do segundo tri. Uma das razões é o fim do subsídio de US$7.500 dólares para compra de carros elétrico após a aprovação do projeto de lei tributária assinada pelo presidente Donald Trump. Estimativas do JPMorgan apontam que o crédito fiscal representou cerca de 19% do lucro da empresa em 2024.