América Latina: pesquisa mostra papéis mais negociados (Foto/Thinkstock)
Rita Azevedo
Publicado em 26 de dezembro de 2016 às 15h00.
Última atualização em 26 de dezembro de 2016 às 15h00.
Títulos de empresas brasileiras continuarão proporcionando retorno generoso em 2017, enquanto o peso mexicano tende a se recuperar da pior queda em oito anos, de acordo com entrevistas com alguns dos principais estrategistas e investidores da América Latina. Eles recomendam evitar o peso chileno. A Venezuela ainda está por trás da maior preocupação com calote.
Michael Hasenstab, gestor de recursos da Franklin Templeton, favorece o peso mexicano, que está prestes a passar por uma "reversão acentuada em 2017" após sofrer "pressão extraordinária" neste ano.
O peso mexicano é a moeda mais atraente porque está barato, porque o banco central do país está inclinado ao aperto monetário e porque a equipe escolhida pelo presidente eleito dos EUA, Donald Trump, é menos protecionista do que se esperava, disse Enrique Diaz-Alvarez, diretor de risco da Ebury Partners. Para ele, o peso chileno tem o pior prognóstico diante da alta de juros nos EUA.
O Banco Bilbao Vizcaya Argentaria recomenda o sol peruano e o peso colombiano no curto prazo, o real no médio prazo e o peso argentino no longo prazo. Do peso chileno e do peso mexicano, o melhor é manter distância, segundo o estrategista-chefe de câmbio para a América Latina, Alejandro Cuadrado.
As principais apostas do JPMorgan em títulos corporativos incluem papéis da Cemex com vencimento em 2021 e 2022, Suzano com vencimento em 2021 e diversos bônus emitidos pela Petrobras, de acordo com a responsável por pesquisa de crédito corporativo para a América Latina, Natalia Corfield.
Petrolíferas como a mexicana Offshore Drilling Holding têm o maior espaço para ganhos, enquanto o Grupo Famsa tende a ganhar porque os preços praticados no mercado parecem uma preparação para o "Armagedom", disse o gestor de recursos da Insight Securities, Carlos Legaspy.
Os títulos da Petrobras "ainda estão baratos", as obrigações conversíveis contingentes do Banco do Brasil têm espaço para ganhos e os papéis da Samarco são uma aposta agressiva com "grande espaço para valorização", já que a companhia provavelmente retomará as operações no ano que vem e renegociará seus títulos, disse Carlos Gribel, responsável por renda fixa na Andbanc Brokerage, em Miami.
Um dos melhores desempenhos de 2017 será dos títulos da Digicel, com a melhora dos negócios; no caso dos títulos da Pemex, a diferença em relação aos papéis soberanos é grande demais e deve encolher à medida que a turbulência causada por Trump se dissipa, disse Jason Trujillo, analista de mercados emergentes da Invesco.
Fundos globais injetaram US$ 28,1 bilhões em títulos do governo brasileiro neste ano e retiraram US$ 6,3 bilhões em termos líquidos de dívidas mexicanas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
Morgan Stanley, JPMorgan e BTG Pactual estão otimistas em relação às ações chilenas, citando a alta de preços do cobre e a possibilidade de medidas favoráveis ao setor privado após a eleição presidencial no ano que vem.
A Lerosa Investimentos, de São Paulo, prefere ações de empresas brasileiras menos expostas ao quadro político, incluindo Ambev, BB Seguridade, Minerva, BRF, BM&FBovespa, Embraer, Hypermarcas e Klabin.