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As inesperadas medalhistas da bolsa

Thais Folego Os 17 dias de Olimpíadas foram uma sucessão de descobertas. Muito provavelmente você nunca tinha ouvido falar de Isaquias de Queiroz (canoagem) ou de Maicon Siqueira (taekwondo) antes de seus inesperados pódios no Rio. Na bolsa, enquanto os holofotes costumam estar apontados para os grandes astros de sempre, um grupo de empresas menos badalado […]

IBOVESPA: 12 small caps mais que dobraram de valor em 2016  / Juan Mabromata / Getty Images (Juan Mabromata/Getty Images)

IBOVESPA: 12 small caps mais que dobraram de valor em 2016 / Juan Mabromata / Getty Images (Juan Mabromata/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2016 às 16h34.

Última atualização em 22 de junho de 2017 às 18h08.

Thais Folego

Os 17 dias de Olimpíadas foram uma sucessão de descobertas. Muito provavelmente você nunca tinha ouvido falar de Isaquias de Queiroz (canoagem) ou de Maicon Siqueira (taekwondo) antes de seus inesperados pódios no Rio. Na bolsa, enquanto os holofotes costumam estar apontados para os grandes astros de sempre, um grupo de empresas menos badalado tem se destacado – e deve seguir a boa fase nos próximos meses: as small caps, companhias de menor valor de mercado ou com baixa volatilidade na bolsa.

O índice de small caps acumula uma alta de 36% no ano, mas quando se abre a carteira observa-se que 12 ações têm ganhos iguais ou superiores a 100% no período. No topo da lista está Magazine Luiza, com valorização de 253% em 2016. O Ibovespa, referência do mercado, também mostra bom desempenho, com alta de 33% no ano, mas nem meia dúzia de ações do índice dobraram de valor neste ano. É claro que existe uma questão lógica e matemática envolvida nisso: por serem empresas de menor valor, elas têm maior potencial de valorização, sendo muito mais fácil dobrar o valor de mercado de uma Alpargatas (5 bilhões de reais) do que de uma Vale (85 bilhões de reais).

Mas são principalmente dois os fatores que explicam essa forte recuperação recente das smalls caps na bolsa. A primeira é o efeito-base, pois foram papéis que sofreram grande desvalorização nos últimos anos – só em 2015 o índice recuou 22%, ante uma queda de 13,3% do Ibovespa. “São ações que estavam bastante desvalorizadas, porque houve um momento em que o mercado começou a colocar no preço o risco de quebradeira”, diz João Braga, gestor de renda variável da XP Investimentos.

A segunda é a perspectiva de melhora da economia, que beneficia a bolsa como um todo, mas as small caps em específico. “São empresas mais ligadas à economia doméstica, que se beneficiam num momento de inflexão como o que estamos vivendo agora”, diz Alexandre Silvério, chefe de investimentos da gestora AZ Quest. As expectativas dos economistas colhidas pelo Boletim Focus, do Banco Central, é de que o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresça 1,2% em 2017, após dois anos de recessão.

“Estudos mostram que as small caps são muito pró-cíclicas. Elas têm quedas grandes em momentos de crise, mas na recuperação também trazem essa alta importante”, afirma Fernando Tendolini, diretor de renda variável da SulAmérica Investimentos. Uma economia de volta à trajetória de crescimento traz consigo a queda da percepção de risco e cria condições para uma queda da taxa de juros, reduzindo o custo de capital das empresas. Isso reduz o peso da dívida sobre seus resultados e abre as portas para a retomada dos investimentos na produção. O mercado espera que a Selic recue dos atuais 14,25% para 11% no ano que vem.

Vale destacar que apesar do nome do índice sugerir que ele abarque empresas pequenas, as companhias que compõem a carteira são bastante grandes se comparadas ao perfil de pequenas e médias empresas do país. Na bolsa americana, que possui um número infinitamente maior de empresas listadas, dos mais variados portes, o nome faz sentido. No Brasil, porém, onde os custos de listagem ainda são altos, apenas empresas de maior porte chegam à bolsa – apesar dos esforços da BM&FBovespa de tornar o mercado mais acessível. Por isso, aqui o índice é definido pela própria bolsa como sendo empresas de menor capitalização, e não necessariamente de valor de mercado pequeno.

Avante

A perspectiva é de que as small caps devam continuar subindo devido ao fluxo de recursos mais intenso que ainda é esperado para ingressar na bolsa, à medida que a melhora dos ambientes político e econômico vá se concretizando. E esse dinheiro costuma vir em ondas, a primeira para ações de empresas maiores (as large caps) e depois para o que o mercado chama de “bottom fishing”, ou seja, pescar em águas mais profundas. “O fluxo ainda vai vir. Está todo mundo esperando as questões políticas, as medidas que devem ser enviadas ao Congresso e, principalmente, a queda do risco, porque as pessoas não se sentem compelidas a correr mais risco quando títulos públicos ainda pagam prêmios de risco altos”, diz Silvério.

Os gestores estão de olho em empresas que se beneficiam da recuperação da demanda doméstica, com bom retorno sobre o capital e que tenham boas histórias para contar. O setor automotivo e de auto-peças, por exemplo, têm boas perspectivas com a volta da confiança do consumidor e do crédito, casos de Randon e Iochpe-Maxion, que acumulam alta de 93% e 48% no ano, respectivamente.

Já locadora de carros Localiza e a empresa de energia Alupar são bons exemplos de empresas com retorno sobre o patrimônio altos. O gestor da Quest conta que a empresa de locação de veículos chegou a perder participação de mercado nos últimos anos frente a concorrentes agressivos em preço e em marketing. “Mas ela se manteve fiel à sua estratégia, deixou de crescer para não comprometer a rentabilidade ao acionista”, diz. No decorrer da crise os concorrentes perderam fôlego financeiro e operacional e agora na recuperação da economia a Localiza sai na frente, com melhora nos resultados e aumento de participação de mercado. A ação da empresa já subiu 66% este ano.

Se a economia de fato se recuperar no segundo semestre e em 2017, é bom continuar de olho nas “pequenas”.

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