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As ações que mais subiram e as que mais caíram em 2019

Queda de juros favoreceu mercado acionário e Ibovespa teve a segunda maior alta em dez anos.

Ibovespa: principal índice da Bolsa fechou 2019 com alta de 31,58% (Somyot Techapuwapat / EyeEm/Getty Images)

Ibovespa: principal índice da Bolsa fechou 2019 com alta de 31,58% (Somyot Techapuwapat / EyeEm/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de dezembro de 2019 às 18h53.

Última atualização em 30 de dezembro de 2019 às 19h18.

São Paulo - Em um ano positivo para o mercado acionário, o Ibovespa subiu 31,58% este ano e registrou sua segunda maior alta dos últimos dez anos. O índice só ficou atrás de 2016, quando subiu 38,93%. 

Parte da valorização da Bolsa passou pela queda na taxa de juros. A Selic atingiu a mínima histórica de 4,5% ao ano. Com a taxa Selic em baixa, caíram os rendimentos em renda fixa, o que resultou em mais investidores na Bolsa. Em 2019, o número de pessoas físicas registradas na B3 passou de 813 mil para mais de 1,5 milhão. Esse crescimento somado à maior alocação em ações por parte de fundos locais compensou a saída de capital externo. O resultado foi novos recordes

Além da redução dos juros, o mercado se animou com o andamento das reformas, especialmente da Previdência e agenda econômica do ministro Paulo Guedes. As expectativas eram que a Bolsa fechasse o ano entre 115 mil pontos e 125 mil pontos, segundo fontes ouvidas por EXAME durante o ano. A Bolsa não decepcionou e fechou em 115.645,34 pontos.

Altas

Naturalmente, as ações das companhias que fazem parte do mercado de capitais se beneficiaram. Um exemplo foi a da própria B3, que subiu 62,46%%.

Essa euforia também teve reflexos na ação do BTG Pactual, que registrou a alta de 238,53% - a maior do Ibovespa. 

A valorização acompanhou o maior faturamento. No terceiro trimestre, o lucro líquido do banco de investimento cresceu 71% na comparação anual e atingiu 1 bilhão de reais. 

Os juros menores também favoreceram empresas de consumo, como as varejistas. A que mais se destacou foi a Via Varejo.

A guinada veio em novembro, quando surtiram efeito os esforços no comércio online. Na black friday, as vendas da companhia, dona das Casas Bahia e PontoFrio, bateram recorde, sendo que 48% das compras foram realizadas por meios digitais.

Em dezembro, nem a confirmação de uma fraude contábil abalou os papéis da empresa. Pelo contrário. O mercado enxergou transparência na nova administração de Michael Klein. Nos dias seguintes, as ações da Via Varejo subiram mais e terminaram o ano com alta de 154,44%. 

Outro segmento que teve bom desempenho na Bolsa foi o de planos de saúde, sendo que os papéis da Qualicorp protagonizaram a maior alta, com apreciação de 229,99%. Um dos principais gatilhos foi a transação em que a rede de hospitais D’Or São Luiz comprou 10% da Qualicorp. 

Como parte do negócio, foi acertada a saída do fundador da Qualicorp, José Seripieri FIlho, o Júnior, do comando da empresa. No mês passado, a companhia anunciou Bruno Blatt como o novo CEO. 

Em 2018, Júnior se desgastou com os acionistas após fechar um acordo em que se comprometeu a não concorrer com a Qualicorp pelo prazo de seis anos em troca de 150 milhões de reais. Na ocasião, os papéis da companhia fecharam em queda de 29,37%

Além da saída de Júnior, agentes do mercado também viram como positiva a possibilidade de uma maior verticalização das operações da empresa com a chegada da Rede D’Or - o que ajuda a reduzir as despesas.

A NotreDame Intermédica utiliza essa estratégia há mais tempo e buscou expandir seus negócios por meio de aquisições. A principal delas foi a compra por 2,6 bilhões de reais do Grupo Ciniplan, que também opera de forma verticalizada. Em 2019, a ação da empresa entrou no Ibovespa e terminou entre as maiores altas do índice, com alta de 136,72%. 

O ano também foi dos frigoríficos. Beneficiado pela crise suína que dizimou rebanhos na China, companhias do setor viram a demanda por carne disparar - assim como o preço de suas ações.

Entre elas, a que mais subiu foi a da Minerva, que, embora tenha se apreciado 157,31%, não integra o Ibovespa. Dentro do índice, a JBS foi a que mais se valorizou, com alta de 122,63%.

Baixas

Catastrófico. Assim poderia se resumir o ano da Braskem. No último balanço, a companhia teve prejuízo líquido de 888 milhões de reais no terceiro trimestre e atribuiu à apreciação do dólar o mau resultado.

E como se não bastasse o problema financeiro, a companhia teve lidar com questões sociais. Em Alagoas, cerca de 500 famílias precisaram ser retiradas de suas residências devido ao risco de fissuras que a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais, uma autarquia do Ministério de Minas e Energia, culpa a Braskem de ter causado. A companhia precisou fechar a mina de sal-gema que operava na região.

No primeiro semestre, a Braskem entrou no radar da holandesa LyondellBasell, mas o interesse de compra não foi para frente e as negociações fracassaram e a empresa voltou a se depreciar na Bolsa..

Em setembro, um possível desembarque da Odebrecht do controle da Braskem voltou a ser ventilada e as ações tiveram leve recuperação, mas nada que revertesse as últimas perdas. Os papéis da petroquímica fecharam 2019 em queda de 35,22%, na lanterna do Ibovespa.

Outra ação que terminou o ano com forte desvalorização foi a da agência de turismo CVC. O período da queda mais expressiva ocorreu logo após a divulgação do resultado financeiro do terceiro trimestre, quando o papel registrou sete pregões consecutivos de baixas. 

No documento, a empresa admitiu que vem tendo um ano desafiador e citou a o fim das operações da Avianca como um dos motivos, a CVC a teve que arcar com gastos extras. Até setembro, a crise da Avianca havia resultado em despesas extraordinárias de 137,44 milhões de reais para a empresa. 

Outro desafio citado pela agência foi o aparecimento de óleo no nordeste, que, segundo a própria companhia, teve maior repercussão na mídia em outubro. Ou seja, seu efeito ainda está por vir. Em 2019, a ação da CVC se desvalorizou 27,79%. 

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