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Argentina fecha semana com dólar estável

O governo da Argentina conseguiu estabilizar a cotação da moeda americana no mercado formal depois de queimar reservas monetárias


	Câmbio argentino: uma vez estabilizado o preço do dólar oficial, o governo concentra agora seus esforços para conter a inflação, que fechou 2013 em 28,3%
 (Diego Giudice/Bloomberg News)

Câmbio argentino: uma vez estabilizado o preço do dólar oficial, o governo concentra agora seus esforços para conter a inflação, que fechou 2013 em 28,3% (Diego Giudice/Bloomberg News)

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Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2014 às 09h51.

Buenos Aires - Após uma semana de flexibilização do "cerco ao dólar", o governo da Argentina conseguiu estabilizar a cotação da moeda americana no mercado formal depois de queimar reservas monetárias e agora concentra seus esforços para conter a inflação.

O Banco Central da República Argentina (BCRA) conseguiu manter o peso estável nesta semana após ofertar dólares no mercado cambial, com uma perda média de US$ 180 milhões diários em reservas.

Nesse sentido, o BCRA informou hoje que as reservas internacionais voltaram a cair mais US$ 170 milhões ao longo do dia e se situaram em US$ 29,17 bilhões, seu nível mais baixo desde 2006.

Com esses movimentos, a entidade conseguiu manter nos últimos cinco dias o preço do dólar, sem alterações sensíveis, no mercado oficial após as turbulências cambiais da semana passada, na qual o peso argentino teve desvalorização de 17%.

Assim, nos bancos e nas casas de câmbio a moeda americana teve hoje uma queda leve em relação à cotação de ontem e fechou em 8,01 pesos, enquanto no mercado informal o dólar caiu para até 12,60 pesos por unidade, 20 centavos a menos que na quinta-feira e em um nível intermediário entre o fechamento da semana anterior e o máximo da quarta-feira.

Uma vez estabilizado o preço do dólar oficial, o governo argentino concentra agora seus esforços para conter a inflação, que fechou 2013 em 28,3%, e que, segundo estimativas, pode atingir 30% no final de 2014.

Em sua habitual entrevista coletiva matutina, o chefe do Gabinete de Ministros Jorge Capitanich voltou a denunciar hoje os ataques especulativos que tentam criar uma "ação psicológica de desestabilização permanente" após a depreciação do peso.


Capitanich advertiu que esses ataques não vão atingir seu objetivo na Argentina, pois o país tem um "poder político consolidado" e um partido governante com maioria parlamentar.

O funcionário também investiu contra empresários, sindicatos e oposição e insistiu na vontade do Executivo de manter o controle de preços, a principal ameaça para a economia argentina.

"Basta de empresários inescrupulosos que utilizam os trabalhadores para extorquir o Estado com o objetivo de conseguir um subsídio, basta. A Argentina não necessita desse tipo de empresários", denunciou.

Em seu pronunciamento, Capitanich também atacou os produtores que ainda não venderam suas produções e, portanto, não liquidaram divisas, necessárias para aumentar as reservas do Banco Central.

O chefe do Gabinete de Ministros foi prontamente respondido pelo presidente das Confederações Rurais Argentinas, Pedro Apaolaza, que garantiu, em declarações a uma rádio local, que venderiam quando considerassem oportuno "porque este é um país livre".

"Cada um faz a economia que pode. O produtor vai comercializar quando considerar oportuno", argumentou.


A desvalorização da moeda argentina impactou também no preço da carne que, segundo responsáveis do setor, subiu até 15% em relação com a última semana.

"Os aumentos começaram na segunda-feira e até agora não pararam. Já na sexta-feira da semana passada o mercado encareceu e isso repercute nos açougues", disse à imprensa o vice-presidente da Associação de Proprietários de Açougues, Alberto Williams.

O governo anunciou uma reunião nesta sexta-feira com representantes do setor de carnes para tentar frear o aumento do valor de um dos alimentos básicos da dieta argentina.

"O que têm que pensar os produtores, os frigoríficos e os açougueiros é que o consumidor é quem vai determinar o preço da carne, porque este não compra quando não pode", opinou Williams. 

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