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Aquisições de shopping centers esquentam oferta de debêntures

Pelo menos três operadoras ou empreendedoras de centros comerciais vão colocar debêntures no mercado nos primeiros três meses do ano

Em todo o ano passado, foram feitas apenas duas operações desse tipo (Divulgação)

Em todo o ano passado, foram feitas apenas duas operações desse tipo (Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 31 de janeiro de 2012 às 08h17.

São Paulo - Operadoras de shopping centers no Brasil como a Aliansce Shopping Centers SA e a BR Malls Participações SA lideram as ofertas de debêntures para financiar uma onda de aquisições no setor.

Pelo menos três operadoras ou empreendedoras de centros comerciais vão colocar debêntures no mercado nos primeiros três meses do ano. Em todo o ano passado, foram feitas apenas duas operações desse tipo, segundo dados compilados pela Bloomberg. A Iguatemi Empresa de Shopping Centers SA, sediada em São Paulo, vendeu R$ 300 milhões em títulos com prazo de seis anos que rendem 115 pontos-base a mais do que o Certificado de Depósito Interbancário, ou 11,45 por cento. As Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2017 rendem 11 por cento.

Empresas do setor buscam desenvolver ou adquirir espaços em meio à retomada da expansão econômica brasileira. As vendas no varejo tiveram a maior alta em 15 meses em novembro, enquanto o desemprego caiu ao menor nível já registrado em dezembro. O crescimento está se recuperando após o Banco Central ter reduzido o juro básico em 200 pontos-base desde agosto e a presidente Dilma Rousseff ter cortado impostos sobre bens de consumo, como parte dos esforços de países em desenvolvimento para proteger suas economias da crise da dívida na Europa.

“O setor de shopping centers vai ter várias emissões”, disse Daniel Vaz, chefe de mercados de capitais de dívida do Banco BTG Pactual SA, em entrevista de São Paulo. “O pessoal está recompondo caixa para eventualmente fazer novas aquisições.”

No ano passado, foram realizadas 20 fusões e aquisições no varejo brasileiro, somando US$ 1,6 bilhão, comparado a 16 operações em 2010, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

‘Oportunidades únicas’

A Aliansce disse em comunicado ao mercado este mês que vai fazer uma oferta de R$ 185 milhões no início de março, com o objetivo de levantar recursos para a construção e aquisição de centros comerciais. A empresa sediada no Rio de Janeiro pretende comprar o controle de cinco shopping centers nos estados do Rio, Paraíba e São Paulo por R$ 574,5 milhões, segundo outro comunicado.

“A Aliansce está investindo em aquisições estratégicas que representam oportunidades únicas para consolidar sua posição no setor”, disse a empresa em comunicado enviado por e-mail.

A BR Malls, a maior operadora do ramo no País, pretende vender R$ 300 milhões em debêntures no mês que vem para refinanciar dívidas e fortalecer a liquidez, segundo comunicado enviado ontem ao mercado. Será a primeira colocação da empresa no mercado doméstico de títulos desde 2007, segundo dados compilados pela Bloomberg. A companhia do Rio de Janeiro investiu R$ 2,3 bilhões nos 12 meses até setembro, sendo R$ 1,7 bilhão em aquisições, segundo a Fitch Ratings. A empresa pretende gastar mais R$ 500 milhões em aquisições em 2012, de acordo com a Fitch.


‘Alto crescimento’

Um representante da BR Malls se recusou a fazer comentários para esta reportagem. Um assessor de imprensa da Iguatemi em São Paulo também se recusou a comentar.

“O momento do setor é de alto crescimento”, disse René Brandt, analista do Banco Fator, em entrevista por telefone de São Paulo. “Tem muitos players de pequeno porte que não têm expertise neste setor muito grande. Aí geram um bom cenário para M&A.”

Os shoppings respondem por 18 por cento das vendas do varejo no Brasil, comparado a 51 por cento nos Estados Unidos e 50 por cento no México, de acordo com o Banco Fator.

José Vertiz, analista da Fitch, disse em relatório de 4 de janeiro que o número de aquisições no setor brasileiro de shoppings centers “restringe” as notas de crédito das empresas. Se o fluxo de caixa e a venda de papéis pela BR Malls não forem suficientes para acompanhar o endividamento, a classificação de risco da empresa pode ser prejudicada, disse.

A BR Malls tem nota AA- na escala da Fitch, o quarto nível mais alto do grau de investimento.

“O crescimento é um dos riscos porque essas companhias estão crescendo muito”, disse Vertiz em entrevista por telefone de Nova York.

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