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Apple alerta: novos produtos podem não ser tão lucrativos quanto o iPhone

Gigante da tecnologia menciona margens menores para dispositivos de IA e realidade virtual em meio a expansão para novos mercados.

Apple alerta sobre riscos de lucratividade em novas apostas como IA e realidade virtual, enquanto o iPhone continua sendo o carro-chefe da empresa. (Leandro Fonseca/Exame)

Apple alerta sobre riscos de lucratividade em novas apostas como IA e realidade virtual, enquanto o iPhone continua sendo o carro-chefe da empresa. (Leandro Fonseca/Exame)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 11h58.

A Apple alertou seus investidores sobre a possibilidade de que produtos futuros podem nunca atingir a mesma lucratividade de sua linha de iPhones, especialmente com o avanço da companhia em novos mercados, como os de inteligência artificial (IA) e headsets de realidade virtual (VR). A companhia incluiu o aviso no relatório anual da empresa como um dos fatores de risco que podem impactar os negócios e a condição financeira do grupo. A informação foi adiantada pelo Financial Times.

A expectativa é que os novos produtos e tecnologias podem acabar substituindo os atuais, mas possivelmente com margens de lucro e receitas inferiores, o que pode afetar o desempenho financeiro da companhia. Esse tipo de alerta já aparecia em relatórios anteriores da Apple, que costumavam mencionar uma estrutura de custo mais alta para novas introduções de produtos. Desta vez, no entanto, o tom da declaração foi mais direto sobre o impacto financeiro dos futuros lançamentos.

Em meio à grande competição em IA, a Apple vem investindo pesado para acompanhar gigantes como Google e Meta, além de desenvolver o headset de realidade aumentada Vision Pro, apresentado recentemente como um novo passo no que a empresa chama de "computação espacial". O Vision Pro, com um preço inicial de US$ 3.499 (R$ 19.999), já foi lançado com vendas limitadas até o momento. A empresa também lançou recentemente funcionalidades de IA para o assistente virtual Siri, e mais integrações de IA generativa são esperadas para os próximos meses.

O que dizem os analistas?

Analistas têm mostrado ceticismo sobre a capacidade de novos produtos em alcançar a rentabilidade do iPhone e dos serviços associados, como a App Store, Apple Music e iCloud, que oferecem margens significativas. A receita da App Store, por exemplo, está sob pressão devido a processos regulatórios, como o movimento recente da União Europeia, que deve aplicar uma multa à Apple pela limitação imposta a desenvolvedores de aplicativos para oferecerem preços mais baixos fora da loja oficial.

Ainda assim, as previsões do mercado mantêm-se otimistas para a Apple: analistas de Wall Street esperam que a margem bruta da empresa continue crescendo, podendo atingir 49% até o final da década. Atualmente, a margem de lucro da Apple permanece sólida, atingindo 46,2% no último trimestre.

Apesar do sucesso de seus serviços, que devem alcançar US$ 100 bilhões (R$ 570 bilhões) em receitas anuais, parte dessa margem elevada é apoiada por acordos com o Google, que paga à Apple para ser o mecanismo de busca padrão do iPhone. Esse modelo, no entanto, enfrenta desafios com um processo antitruste nos EUA, que ameaça esses pagamentos bilionários.

Mudança no modelo de negócios

A evolução da Apple em direção a software e serviços baseados em IA é vista como uma adaptação ao mercado e uma maneira de sustentar a atratividade do iPhone. Dan Newman, CEO do Futurum Group, acredita que essa mudança representa uma alteração no modelo de negócios da Apple, que agora precisa cobrir-se legalmente para proteger suas futuras incursões em IA.

"Acho que o modelo de negócios da Apple está mudando e eles provavelmente estão incluindo alguma linguagem de proteção legal que reflete isso", disse Newman ao Financial Times.

A Apple historicamente focou-se em melhorias de hardware a cada geração do iPhone. Agora, com a IA como grande diferencial, a empresa aposta na inovação tecnológica para garantir relevância no longo prazo.

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