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Apostas em inflação recuam com possível sinal do BC sobre juros

É grande a expectativa de que o Banco Central acene hoje com um aumento do juro básico já para janeiro

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC: aumento da Selic deve sair só em janeiro (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC: aumento da Selic deve sair só em janeiro (Antonio Cruz/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 8 de dezembro de 2010 às 06h18.

Nova York e Brasília - O mercado está reduzindo as apostas em alta da inflação, refletindo a expectativa de que o Banco Central acene hoje com um aumento do juro básico já para janeiro.

A chamada taxa implícita de inflação para os próximos dois anos, derivada da diferença entre o rendimento dos papéis prefixados do Tesouro Nacional e aqueles indexados ao Índice Preços ao Consumidor Amplo, caiu de 6,67 por cento em 23 de novembro para 6,31 por cento ontem. A queda de 36 pontos-base nas últimas duas semanas é a maior desde agosto.

A expectativa é de que Alexandre Tombini, cuja indicação para a presidência do BC foi aprovada ontem na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, comece a elevar a taxa Selic a partir de janeiro, mostram os contratos de Depósito Interfinanceiro negociados na BM&FBovespa. As apostas em alta da Selic em janeiro ganharam força após o BC aumentar o compulsório semana passada, acompanhando decisões na China e na Índia para reduzir o ritmo da expansão do crédito.

“Esperamos que o BC mande um sinal bastante claro de que de fato eles vão subir o juro em janeiro”, disse Virgilio Castro Cunha, estrategista-chefe de renda-fixa do Bank of America Corp. em São Paulo. “Trata-se da confiança de que o próximo governo vai dar autonomia total ao BC. Para mostrar isso de forma mais contundente, pode-se começar um novo ciclo de aperto monetário com o novo presidente do BC.”

Queda no rendimento

As Notas do Tesouro Nacional Série B, que oferecem proteção contra a inflação, apresentaram nas últimas duas semanas uma rentabilidade menor do que as Notas do Tesouro Nacional Série F, que são prefixadas. Esse desempenho é resultado da expectativa de que o BC tome medidas para combater a inflação.

Desde 23 de novembro, a taxa das NTN-B com vencimento em agosto de 2012 subiu 36 pontos-base, ou 0,36 ponto percentual, para 6,15 por cento, de acordo com dados da Bloomberg. É a maior alta em sete meses para um período de duas semanas. Já a taxa das NTN-F que vencem em janeiro de 2013 ficou inalterada em 12,46 por cento no mesmo período.

Quarenta e sete dos 50 economistas consultados pela Bloomberg preveem que o Comitê de Política Monetária, em sua última reunião sob o comando de Henrique Meirelles, vai manter a Selic em 10,75 por cento hoje. Os outros três economistas, que incluem Zeina Latif, da RBS Securities, acreditam que vai haver uma elevação de pelo menos 0,25 ponto percentual na taxa.

Na semana passada, investidores voltaram atrás em suas apostas de aumento do juro básico na reunião de hoje do Copom depois que o BC elevou o compulsório sobre depósitos para retirar cerca de R$ 61 bilhões de reais da economia. A medida gerou expectativas de que o Copom vai adiar o ciclo de elevação da Selic para 2011, como forma de dar mais tempo para que Tombini avalie o impacto na economia e na inflação dos planos da presidente eleita Dilma Rousseff para a área fiscal.

Abrir caminho

Os operadores do mercado de juros futuros estão apostando que o BC sob a gestão de Tombini vai subir o juro em pelo menos 0,25 ponto percentual, para 11 por cento, em janeiro, de acordo com dados da Bloomberg.

Marcelo Carvalho, chefe de pesquisa para a América Latina no Banco BNP Paribas Brasil SA, disse que o Copom vai sinalizar no comunicado da reunião que termina hoje que um aumento de juros está a caminho.

“O ritual normalmente contempla o envio de sinais de alerta”, disse Carvalho. “As autoridades vão abrir caminho para um aumento subsequente mais provavelmente em janeiro.”

A inflação deve ter ficado acima da meta de 4,5 por cento em novembro pelo terceiro mês seguido. Os motivos são a expansão do crédito, a alta dos alimentos e o aumento de 27 por cento nos gastos do governo nos primeiros nove meses do ano. O IPCA provavelmente subiu 5,7 por cento nos 12 meses até novembro, a maior alta desde fevereiro de 2009, segundo a mediana das estimativas de 27 economistas consultados pela Bloomberg.

“Há uma necessidade de aumentar os juros”, disse Kathy Jones, estrategista de dívida de mercados emergentes no Morgan Stanley Smith Barney. “A política fiscal também precisa ser ajustada.”

Jones prevê que o BC vai começar a elevar a Selic em janeiro e que a taxa vai terminar 2011 em 12,5 por cento.

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