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Aposta em queda da bolsa é a maior desde a crise de 2008

Crise europeia faz investidores protegerem ativos no Brasil; mês de abril marcou recorde de aluguel de ações na BM&FBovespa

Previsão dos investidores é que aprofundamento da crise na Europa ameaça a BM&FBovespa (.)

Previsão dos investidores é que aprofundamento da crise na Europa ameaça a BM&FBovespa (.)

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Da Redação

Publicado em 19 de maio de 2010 às 16h35.

São Paulo - Durante o mês de abril, o risco de calote dos países europeus se alastrou para os mercados mundiais. No Brasil, a BM&FBovespa registrou um recorde no volume de empréstimo de ações em abril, chegando a 38,5 bilhões de reais, batendo a marca anterior atingida em junho de 2008, no auge da crise financeira.

De acordo com analistas, a operação revela a aposta de queda acentuada dos mercados. O empréstimo de ações ajuda a medir a expectativa de baixa sobre os ativos de uma companhia. Por exemplo, um investidor pode alugar uma ação por dez reais esperando que ela caia. Com o papel na mão, ele vende ao preço do mercado e, depois, compra a ação com um preço mais barato para devolver ao investidor que a alugou, lucrando com a diferença.

Geralmente, os usuários de aluguéis dos ativos têm a posse dos papéis que venderão posteriormente. O objetivo é controlar a perda de valor das ações quando uma queda é prevista. A maioria da especulação neste segmento é realizada por investidores que não têm interesse em manter o preço dos papéis por não os possuírem em carteira.

Para Hamilton Moreira Alves, da Banco do Brasil Investimentos, é possível que a crise financeira de 2008 possa ter deixado os investidores mais sensíveis. Por isso, sinais de complicações fazem o mercado ficar mais pessimista. O analista é enfático em dizer que toda crise traz especulação, e com o empréstimo de ações não é diferente.

Ele acha que principalmente o rebaixamento da dívida soberana espanhola pela Standard & Poor's pode infectar os mercados. "A Espanha, que é a quinta maior economia da Europa, pode representar perigo", diz. Daniel Marques, analista técnico da Ágora corretora, acredita que as perdas de maio podem ser menores. Uma comparação com a crise de dois anos atrás também é inevitável, diz.

Mas não se pode apenas considerar a expectativa de queda no valor dos ativos na hora de analisar o volume de empréstimos. O diretor da Investcerto, Luiz Rogé, ressalta que apenas investidores grandes realizam a operação com essa finalidade e que o aumento no volume pode indicar diversificação de estratégias. "O aluguel também pode significar cobertura de margem, garantia para operação com opções, entre outros", explica o economista. "O recorde significa que o mercado está encorpando", afirma.

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