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Aposta em alta de juros cai com previsões de corte do orçamento

Mercado de renda fixa acredita que o governo da presidente Dilma Rousseff vai fazer uma redução suficiente nos gastos para frear a inflação

A presidente Dilma Rousseff: mercado acredita no seu poder para cortar custos (Ricardo Stuckert Filho/PR)

A presidente Dilma Rousseff: mercado acredita no seu poder para cortar custos (Ricardo Stuckert Filho/PR)

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Da Redação

Publicado em 9 de fevereiro de 2011 às 07h14.

Nova York - Operadores de renda fixa estão cortando suas apostas de alta do juro básico no ritmo mais forte em seis semanas, diante de especulações de que o governo da presidente Dilma Rousseff vai fazer uma redução suficiente nos gastos para frear a inflação.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro com vencimento em janeiro de 2017 despencou 25 pontos-base ontem, levando à maior redução na diferença em relação aos contratos com vencimento em 2012 desde 22 de dezembro, segundo dados compilados pela Bloomberg. Em 7 de fevereiro, a diferença era de 45 pontos-base, a maior em quase três meses.

Os operadores estão revertendo apostas anteriores de que Dilma não conseguirá fazer um corte no orçamento capaz de ajudar o Banco Central a levar a inflação anual dos 6 por cento apurados em janeiro para 4,5 por cento, o centro da meta do governo. O déficit no orçamento passou de 2 por cento do Produto Interno Bruto em dezembro de 2008 para 2,6 por cento no ano passado, depois que o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou os gastos e reduziu impostos para estimular o crescimento da economia durante a recessão mundial.

“A curva está despencando”, disse Siobhan Morden, estrategista-chefe para a América Latina no RBS Securities Inc. “Qualquer ganho subsequente depende da qualidade do ajuste. Quando o pacote for anunciado, é preciso que seja ainda maior e melhor que o esperado.”

O rendimento das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 caiu 25 pontos-base, ou 0,25 ponto percentual, para 12,73 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O rendimento da dívida colombiana com vencimento em 2021 subiu 12 pontos-base, enquanto a taxa dos títulos mexicanos subiu seis pontos-base.

‘Rally frágil’

O governo está discutindo um corte entre R$ 40 bilhões e R$ 50 bilhões no orçamento, que deve ser anunciado amanhã, segundo o colunista Guilherme Barros, do portal IG, sem citar a fonte da informação.

A ministra do Planejamento, Miriam Belchior, disse em 28 de janeiro que o governo vai anunciar o corte do orçamento de 2011 entre amanhã e sábado. O BC e o Ministério da Fazenda se recusaram a fazer comentários para esta reportagem por meio de comunicados por e-mail. A assessoria de imprensa da Presidência da República também não quis comentar.

Um corte de R$ 50 bilhões no orçamento seria equivalente a 1,5 por cento do PIB, de acordo com David Beker, estrategista- chefe para a América Latina do Bank of America Corp. em Nova York.

“Há muitas expectativas em relação ao anúncio fiscal”, disse Becker em entrevista por telefone. “É um rally frágil. Qualquer coisa acima de R$ 40 bilhões será bem recebida pelo mercado. Dilma sabe o que ela tem que fazer. É uma questão de vontade de fazer.”

Prespectiva de juros

Um corte equivalente a 1 por cento do PIB reduziria a inflação em 0,32 ponto percentual, de acordo com a estimativa mediana de economistas que participaram de uma pesquisa do BC publicada em 8 de novembro.

No mês passado, o Comitê de Política Monetária elevou a taxa básica pela primeira vez desde julho, de 10,75 por cento para 11,25 por cento. Os contratos de juros futuros indicam que o BC vai aumentar a Selic em outros 175 pontos-base para terminar o ano em 13 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

“Um ajuste fiscal factível melhoraria a credibilidade do Banco Central e validaria este ciclo de aumento de juros moderado, e por consequência, reduziria o prêmio de risco ao longo da curva”, disse Morden, do RBS.

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