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Aposta de estrangeiro em ações é a maior para ano eleitoral

Até agora, o saldo desse tipo de investidor na Bovespa está positivo em quase 10 bilhões de reais


	Bovespa: dados mostram que houve ingresso líquido de capital externo no mercado acionário doméstico de R$ 9,7 bilhões neste ano
 (Marcos Issa/Bloomberg)

Bovespa: dados mostram que houve ingresso líquido de capital externo no mercado acionário doméstico de R$ 9,7 bilhões neste ano (Marcos Issa/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 22 de maio de 2014 às 17h45.

Por Priscila Jordão São Paulo - Os estrangeiros estão demonstrando em 2014 apetite inédito pela bolsa brasileira para anos de eleição presidencial no país. Até agora, o saldo desse tipo de investidor na Bovespa está positivo em quase 10 bilhões de reais.

Os dados mais recentes da BM&FBovespa mostram que houve ingresso líquido de capital externo no mercado acionário doméstico de 9,7 bilhões de reais neste ano até 20 de maio. 

Em 2010, ano da última eleição presidencial, o estoque era negativo em 2,8 bilhões de reais nos cinco primeiros meses do ano. 

Em 2006 e 2002, houve ingresso de recursos, mas em montante bem mais tímido, de 1,7 bilhão e de 622 milhões de reais, respectivamente, até maio dos respectivos anos. 

Nas eleições diretas anteriores (1989, 1994 e 1998), o mercado acionário brasileiro era bem menos desenvolvido, com reduzido volume de negócios.

O aporte líquido de estrangeiros na Bovespa também já se aproxima do visto em todo o ano passado, quando os ingressos foram de 11,7 bilhões de reais, e tem surpreendido até mesmo especialistas.

Uma das justificativas atribuídas ao movimento são expectativas sobre mudanças na condução da política econômica, em um momento de ceticismo de agentes do mercado com o governo Dilma Rousseff e enquanto a presidente perdia terreno nas pesquisas sobre a corrida eleitoral. 

Mas a entrada de capital é resultado, principalmente, da reavaliação dos ativos brasileiros, o que indica que os recursos podem permanecer no Brasil por algum tempo, independentemente do rumo das pesquisas eleitorais.

"Tivemos uma realocação de capital no mercado mundial gerada pela necessidade de buscar rendimento. E a crise da Rússia fez países emergentes descontados até o momento ficarem mais atrativos", disse à Reuters o chefe da mesa de ações da corretora do banco suíço Credit Suisse no Brasil, Mauro Oliveira. 

"Todo mundo subestimou essa necessidade de realocação".

De fato, a grande incursão dos estrangeiros ocorreu a partir de 14 de março, quando o Ibovespa atingiu seu menor nível de fechamento em quase cinco anos. 

Naquela data, o saldo de capital externo em ações brasileiras estava positivo em pouco mais de 500 milhões de reais. Desde então, na esteira do fluxo de dinheiro para cá, o Ibovespa subiu 16,1 por cento até o fechamento do pregão de 21 de maio.

Foi também em março que militantes pró-Rússia invadiram a península da Crimeia, na Ucrânia, aumentando as tensões e a instabilidade política na região após o ex-presidente foragido Viktor Yanukovich ter sido acusado de "assassinato em massa" no fim de fevereiro.

Segundo Oliveira, em meados de março a relação de preço da ação sobre lucro da bolsa brasileira (P/L), usada como medida de retorno de investimentos, era de 8,5 vezes, contra média de 10,2 vezes nos últimos cinco anos. 

A defasagem provocou fluxo para o Brasil, assim como a percepção positiva sobre ações com bons fundamentos que eram consideradas baratas, como de bancos e do setor de serviços.

Com a relação P/L agora em cerca de 10 vezes, a defasagem já foi corrigida, e é provável que pesquisas eleitorais deixem de ter influência tão grande sobre a bolsa, avalia Oliveira. 

De todo modo, o capital externo deve continuar por algum tempo aqui, principalmente depois dos balanços corporativos do primeiro trimestre. 

"Os resultados do primeiro trimestre não foram uma maravilha, mas o Brasil sofreu menos revisões do que outros países como México, Colômbia e Chile", resumiu.

Em relatório recente assinado pelos analistas Andre Carvalho e Marina Valle, o HSBC disse esperar que o momento positivo do mercado de ações brasileiro se prolongue um pouco mais. 

Entretanto, eles mostraram cautela diante da possível piora dos resultados de empresas após as eleições, já que eventuais ajustes na política econômica podem fragilizar ainda mais a atividade doméstica, o que neutralizaria parte da alta da bolsa.

O Citi, por sua vez, tem preço-alvo para o Ibovespa no fim de 2014 de 55 mil pontos, pouco acima do nível atual. 

"Por enquanto, qualquer expectativa de um novo rali é muito menos sustentável do que a recuperação que levou o mercado de 45 mil a 54 mil pontos", escreveram em relatório os analistas Stephen H. Graham e Fernando Siqueira.

Atualizado às 17h43min do mesmo dia, com mais informações.

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