Mercados

Após armistício de Trump e Xi, fim de ano será de alívio nas bolsas?

Estados Unidos e China concordaram em adiar por até 90 dias adoção de novas tarifas comerciais. Mercados asiáticos fecharam segunda-feira em alta

Donald Trump e Xi Jinping (Thomas Peter/Reuters)

Donald Trump e Xi Jinping (Thomas Peter/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 3 de dezembro de 2018 às 07h02.

Última atualização em 3 de dezembro de 2018 às 11h02.

O fim de ano será de alívio nos mercados globais após um armistício anunciado no sábado, em Buenso Aires? É o que deve ficar claro quando as bolsas ocidentais abrirem, nesta segunda-feira, após o fim do encontro do G20, que reuniu as maiores economias do mundo nos últimos dias na Argentina. A grande pauta do evento, as barreiras globais ao comércio, teve uma solução parcial: ficou decidido que os debates se darão em um turbinada Organização Mundial do Comércio.

O encontro entre os dois maiores antagonistas na pauta, o americano Donald Trump e o chinês Xi Jinping, ficou para os 46 do segundo tempo -- os dois líderes jantaram na noite de sábado, após a redação do documento final do G20. Trump saiu dizendo que o relacionamento com o chinês é "muito especial" e que os dois chegarão a algo que seja bom para a China e para os Estados Unidos". Xi, mais diplomático, afirmou apenas que "com a cooperação podemos servir ao interesse da paz e da prosperidade".

Uma ação concreta resultou do encontro. Os Estados Unidos concordaram em suspender por até 90 dias a imposição de tarifas extras sobre até 200 bilhões de dólares em produtos chineses. A China concordou em não impor nenhum tipo de retaliação. As previsões iniciais era que as novas tarifas começassem a valer em primeiro de janeiro. O anfitrião, o presidente argentino Mauricio Macri, afirmou que vê a China como oportunidade e não como ameçar ao comércio global.

É um período de trégua numa hostilidade que vem impactando negativamente a previsão de crescimento da economia e as bolsas mundo afora. Segundo o Fundo Monetário Internacional, a economia global deve crescer 3,7% em 2018 e em 2019, ante previsão anterior de 3,9%. O crescimento da produção industrial entre abril e setembro recuou de 3,9% para 2,9%, num sinal de que grandes grupos industriais estão segurando o ritmo, tendo no radar também um aumento dos juros americanos -- que romperam a barreira dos 3% pela primeira vez desde 2011.

Apesar do clima de incerteza econômica global, o índice Ibovespa fechou na semana passada em sua máxima histórica, acima dos 90.000 pontos. Predominaram, segundo analistas, o otimismo com um encontro produtivo entre China e Estados Unidos, as notícias de formação de uma equipe econômica alinhada com os interesses de investidores, no Brasil, e bons desempenhos de grandes companhias como a Vale. Nos Estados Unidos, o índice Dow Jones andou de lado em novembro, com o fim da euforia em torno das grandes empresas de tecnologia que chegaram a perder, juntas 200 bilhões de dólares em valor de mercado em uma única semana.

As principais bolsas asiáticas -Tóquio, Xangai e Hong Kong - fecharam em alta nesta segunda-feira. Pode ser um sinal de que, num ambiente com uma guerra comercial aparentemente inevitável, qualquer trégua, mesmo que passageira, deve ser comemorada.

Acompanhe tudo sobre:ChinaComércioDonald TrumpEstados Unidos (EUA)Exame HojeXi Jinping

Mais de Mercados

Em meio a pressão por boicotes, ação do Carrefour sobe 3,31%

O saldo final – e os vencedores – da temporada de balanços do 3º tri, segundo três análises

Warren Buffett doa US$ 1,1 bilhão em ações da Berkshire Hathaway: "Nunca quis criar uma dinastia"

Funcionário esconde R$ 750 milhões em despesas e provoca crise em gigante do varejo